quinta-feira, janeiro 07, 2010

Capítulo 6.

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5

Capítulo 6.

Barra do Jacuípe é um dos lugares mais bonitos do litoral baiano. Pelo menos para mim. Adoro nadar no rio e depois ir até o mar para dar um mergulho. Naquele domingo o local estava cheio, mas não lotado. Nos afastamos das barracas e fomos em direção a praia, para montarmos a nossa tenda. Eu estava super tímida de tirar minha blusa na frente de Rodrigo e ficar apenas de biquíni. Normalmente eu já sou tímida, mas aquele extra não estava nos meus planos.


Os garotos montaram a barraca e nós garotas organizamos a comida e as bebidas. Lucas tinha pegado muita coisa legal, porém alguns dos alimentos nos forçaria a, pelo menos, armar uma fogueira pequena para esquentar.

Depois de tudo pronto, ainda eram 10 horas e Júlia já estava de biquíni, enquanto eu ainda estava de short e blusa.

− Tira logo essa roupa, cabeça. – disse Lucas – Vai ficar com a marca certinha da blusa e eu vou te zoar muito.

Júlia caiu na risada e eu notei o olhar de Rodrigo em minha direção. O que era aquilo? Desaprovação? Não sei, mas, novamente, optei por não ligar e tirei a roupa, ficando apenas com o biquíni. Júlia já tinha corrido em direção ao mar junto com os rapazes quando terminei, aproveitei para passar protetor solar e deitar para tomar sol. Pouco tempo depois percebi uma sombra ao meu lado e abri os olhos, dando de cara com Rodrigo.

− O sol está forte, não é? – falou.

− Uhum.

− O pior é ter que passar protetor a cada minuto, é chato demais.

− Pois é.

Sabia que estava sendo uma chata e que havia prometido não ser tão nojenta no dia, mas velhos hábitos são difíceis de serem modificados.

− Isso é uma tatuagem? – me perguntou, apontando para a minha barriga. Nisso ele já estava sentado em um pedaço da minha canga.

− É sim, são cerejas.

− Poxa, é linda.

− Valeu, mas não conte para seus tios ou meus pais, eles não sabem da existência nem da minha nem da de Jú.

Ele sorriu, o que, claro, começou a me deixar vermelha. Eu e Júlia havíamos combinado de fazermos frutinhas de acordo com apelidos que nos chamávamos quando pequenas. Eu era cherry (o que quer dizer cereja) por conta do meu cabelo ruivo e ela era blueberry, pois seu cabelo muito preto tinha uns tons azulados no sol. Eram tatuagens secretas, nossos pais não sabiam da existência, de qualquer forma, os apelidos acabaram caindo em desuso, mas a tatuagem não.

− Liz, me faz um favor?

Com medo da reação de Júlia se soubesse que estava sendo grosseira, resolvi ser legal.

− Acho que sim, o que você quer?

Ele hesitou alguns segundos olhando para mim e então respondeu.

− Poderia passar o protetor nas minhas costas? Se não vou acabar ficando um camarão.

Eu realmente não queria tocá-lo, preferia esperar que Júlia chegasse e fizesse isso pelo próprio primo, mas ele continuava a me encarar e então aceitei. Me ajoelhei por trás dele e enchi a mão de protetor. Comecei a passar pelos ombros e pude notar como ele realmente havia crescido. Seus ombros eram largos e trabalhados, mas não pareciam ser feitos por academia, era algo mais sutil, fui descendo e sentindo cada músculo de suas costas, até chegar ao cós de sua bermuda. Ele não dizia nada e eu não conseguia imaginar o que falar. Passado uns 3 minutos, eu já havia passado por toda a extensão, limpei minhas mãos e, quando comecei a me ajeitar para deitar, ele segurou meu rosto com uma mão e me encarou através dos meus óculos escuros, me agradecendo em seguida.

Meu coração não havia disparado na noite anterior ao beijar Flávio, porém, bastou o simples toque de Rodrigo para que ele quase saísse pela boca. Com raiva de minha reação, afastei a mão dele e deitei.

− Tá, tanto faz. – falei.

Ele não pareceu ficar perturbado com minha resposta, na verdade acredito ter visto o vislumbre de um sorriso. Não queria ficar perto dele mais um segundo que fosse.

− Vou para a água – me despedi e sai correndo para a água.

Olhei para trás, apenas para ver se ele estava me olhando e a resposta era sim, estava me encarando.

− Aqui Liz! Vem pra cá! – gritava Júlia de uma parte mais funda. Mergulhei e fui nadando encontrar com ela.

− Oi gata! Esse mar tá gelado! – disse, batendo queixo.

Ela sorria e olhava para mim.

− O que foi? – perguntei sem entender – Por que está com essa cara de idiota?

− Nada não.

Então ela começou a acenar para alguém que estava atrás de mim. Me virei para ver o que Lucas queria e dei de cara com Rodrigo. Júlia começou a jogar água em minha cara e eu entrei na brincadeira, quando o garoto chegou também se interou do que estava acontecendo e tratou de jogar água em nós. Pouco tempo depois meu irmão entrou na brincadeira e nós ficamos nisso até umas 13 horas.

− Putz, que fome! – urrei – vou começar a fazer algo lá.

− Deixa que vou com você – se ofereceu Rodrigo. Não conseguia entender o por quê dele estar me perseguindo, não estava gostando nada dessa atenção exagerada que ele estava me dando.

− Precisa não, me viro bem sozinha.

Mas como todo mundo sabe, quando mais precisamos de uma saída espetacular é que algo de errado acontece. Não seria diferente comigo. Virei-me para ir em direção a praia e tropecei na minha própria perna.

− Tudo bem, mas quero ajudar assim mesmo. – disse me prendendo pela cintura. Ele me segurou com força para não me deixar cair. Sua mão estava gelada por causa da água marinha, mas seu toque era suave. Me apressei em me concertar e ficar em pé. Com o meu rosto vermelho de vergonha e de alguma coisa mais que eu não sabia o que era, levantei a cabeça e voltei à areia com ele ao meu lado, deixando Lucas e Júlia para trás.

O domingo havia sido realmente maravilhoso, esquecendo o fato de que Rodrigo era Rodrigo, foi tudo perfeito. Chegamos em casa já eram nove horas da noite e minha avó que atendeu a porta.

− Meus anjinhos voltaram! – disse dando um beijo em nos quatro – Como estava a praia? Estão com fome? Olha só como esse menino está vermelho!

Todos riram quando ela apertou o braço de Rodrigo para mostrar o quanto ele tinha se queimado. Eu estava morrendo de sono, então me despedi de todos, dei um beijo em meus pais e minha avó e fui tomar banho para dormir. Cheguei ao quarto ainda enrolada na toalha e me joguei na cama, dormindo assim mesmo.

domingo, janeiro 03, 2010

Capítulo 5.

Nada melhor do que começar um ano desejando que todos tenhamos um FELIZ ANO NOVO. Claro que não é nada inovador, mas não deixa de ser verdadeiro.
No último dia do ano passado (31/12/2009) eu fiquei pensando o que tinha acontecido de bom em minha vida, por causa de uma certa tendência minha ao drama, achei que tinha sido igual ao anterior... Mas não foi, percebi que 2009 foi um ano maravilhoso, onde conheci pessoas que não pretendo deixar sair da minha vida, retomei amizade com outras que tinham saído momentaneamente do meu radar mas já retornaram e comecei a ter mais noção do que eu sou e o que quero do mundo.
Também descobri uma outra paixão, a dos livros. Não que já não fosse completamente apaixonada, mas sempre fui do tipo que apenas lia os chamados "clássicos", hoje sei que o mundo é muito maior que isso, graças a novas amizades em um clube do livro que comecei a fazer parte (lá conheci a rainha Meg Cabot *.*).
Realmente, 2009 foi maravilhoso. Espero que 2010 o supere!

Mas de qualquer forma, vou continuar a postar a minha estória aqui.


Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4

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Capítulo 5.

Se antes eu estava achando que ele não sentia nada por mim pelo fato de não tentar nada durante os nossos estudos, naquele momento eu já achava que tudo poderia dar certo com ele. A todo momento ele olhava para mim e apoiava a mão em minha perna, apenas para mostrar que estava ali. Não falamos muito durante o percurso, mas ele ligou o som, uma banda desconhecida por mim que tocava umas músicas experimentais. Não era muito o meu estilo, mas não reclamei.
Chegamos ao cinema atrasados para o filme que ele tinha escolhido, por isso pegamos a primeira seção que estava disponível, uma comédia romântica que eu já havia visto uma semana antes com Júlia, porém quando ficou sabendo disto, insistiu muito mais para que assistíssemos novamente. Foi uma jogada inteligente, já que não pude prestar muita atenção ao que acontecia na tela, pois durante todo o filme ele ficou me abraçando e comentando como eu era inteligente e de como isso o atraía, ou seja, pouco me importava o filme naquele momento.
Do meio para a metade já estávamos nos beijando. Não posso dizer que era a melhor experiência que já havia experimentado na vida, tudo bem que a falta de prática deveria, pelo menos, me fazer pensar que estava sendo bom, porém minha mente estava divagando. Durante um certo período me peguei pensando em como faria para terminar um trabalho para o dia seguinte. Ao perceber isso, tratei logo de dar atenção ao garoto. Não percebendo a minha falta de atenção anterior, Flávio começou a achar que eu estava começando a devolver o beijo com mais intensidade, o que o fez avançar mais um pouco. Sua mão começou a ficar nervosa, subindo e descendo pela minha perna, nesse momento tive que interferir e segurá-la bem firme.
− O que foi gatinha? Não gosta de um carinho?
− Até que gosto, só não acho que seja o local ou hora para isso.
Ele não pareceu ficar magoado com o comentário, o que foi ótimo, pois não era a intenção parar tudo.
Durante a volta, novas tentativas foram feitas por parte dele, só que algo me dizia que aquele não era o momento. Nos despedimos em minha porta com um beijo simples e ele foi embora.
Analisando toda a noite, posso dizer que foi bastante proveitosa. Porém não havia acontecido o estalo que esperei que fosse ter. Ele era lindo e, definitivamente, estava querendo algo comigo. Eu poderia ter feito uma mudança de percurso e ter ido direto para a casa dele, não posso ser considerada uma pessoa de muita experiência, porém não sou do tipo puritana. O fato é que se eu conseguia me distrair quando nos beijávamos, o que mais poderia acontecer se avançássemos um pouco mais? Naquele instante não me importava mais, eu havia saído com Flávio e tinha aproveitado o quanto pude. Cheguei em casa e logo mandei uma mensagem de texto para Júlia. Eu sabia que ela estava acordada esperando notícias e, poucos minutos depois da minha mensagem ter sido enviada, recebi a resposta.
Quero detalhes amanhã.
Bjus, Juh
Me olhei uma última vez no espelho antes de ir tomar um banho. Não sei bem explicar o que aconteceu, mas tive a sensação de que alguma coisa estava para mudar.
Tomei uma ducha e fui dormir.
Domingo de manhã e Júlia no meu quarto. Dessa vez ela não me acordou pois eu já estava de pé e pronta para passear com Bichano.
− O que? Já acordada? Esse menino trocou minha amiga por um andróide! – disse Júlia ao me encontrar de pé no quarto – Só falta me dizer que o mundo é cor-de-rosa para eu acreditar nessa teoria.
− Não, o mundo não é cor-de-rosa, graças a Deus.
− É, mas nem tudo está perdido. Enfim, me conte! Como foi? Ele é fofo? Ele foi carinhoso?
−Nossa! Quantas perguntas! Bem, foi ótimo. Ele me levou para ver aquele filme que vimos semana passada, ele pagou tudo... Ele foi super fofo e carinhoso, mas foi estranho.
− Estranho? Algo naquele menino não é perfeito?! Isso eu quero saber.
Ela correu e sentou em minha cama, se abraçando com meu travesseiro e fazendo cara de menina curiosa. Não consegui ficar sem rir. Sentei do seu lado e cruzei as pernas sobre o edredom, contando toda a noite para ela.
− Daí eu não senti nada de especial, sabe? Meu coração só acelerou o normal esperado. Apenas o que já era previsto biologicamente, porém, em certos momentos, eu tinha que me obrigar a prestar atenção no que estava fazendo, pois me pegava divagando!
− Hum, interessante. Estranho, no entanto interessante.
− Sim doutora, mas quero saber o que você acha.
− Eu não acho nada, você é que tem que me dizer. Você gosta dele? Vai valer à pena insistir?
− Poxa, eu não sei. Eu o acho lindo e maravilhoso, mas não sei se gosto dele o suficiente. Mas acho que devo pelo menos tentar, afinal não é sempre que tenho um Flávio tão por perto.
Voltamos a dar risada e descemos para passear com Bichano.
Na volta, encontramos com Lucas arrumando umas sacolas no fundo do carro. Eu não lembrava dele ter dito que ia viajar, mas me senti na obrigação de perguntar o que ele estava fazendo, porém ele foi mais rápido e nos convidou para irmos a uma praia um pouco mais afastada para passar o dia inteiro. Nas malas estavam comida e uma barraca, para guardar as coisas, a noite estaríamos de volta. Olhei para o relógio e percebi que ainda era cedo, apenas 8 horas, entrei em casa e dei um beijo nos meus pais e avó, saíndo correndo para o meu quarto afim de separar uma roupa e vestir o biquíni. Com tudo pronto desci e entrei no carro, sentando no banco do carona.
− Liz, você poderia ir no banco de traz? – perguntou Lucas – É que tem uma pessoa para vir aqui.
Sem perceber nenhum problema, pulei para o banco do fundo e esperei por Júlia e pelo(a) acompanhante secreto de Lucas. Ao ver a imagem de minha amiga através do vidro, percebi que ela não estava sozinha. Minha cabeça logo fez a matemática.
− Você convidou o Rodrigo? – perguntei para Lucas entre dentes – sabe que não suporto esse garoto.
− Ah, deixa disso. Ele é super legal e está precisando de sol urgentemente.
Meu irmão não sabia o real motivo de eu odiar tanto o amigo dele e eu preferia que se mantivesse assim, a minha humilhação já era grande o suficiente. Júlia entrou no carro e sentou do meu lado, passando um papel todo amassado para o meu colo. Eu peguei e abri discretamente, para que não conseguissem enxergar do banco da frente pelos espelhos.
− Bom dia Lucas, Bom dia Liz. – chegou dizendo Rodrigo.
− Tá – me limitei a responder, ainda entretida com o bilhete de Júlia que dizia o seguinte:
Liza, amiga linda do meu coração.
Não fique chateada porque Digo vai com a gente. Seria super chato irmos e deixá-lo aí, fora que foi o seu irmão quem o convidou, não eu. Outra coisa que peço com muito carinho é que seja PELO MENOS educada com ele, ao invés de seguir o seu plano de “dar um gelo”, se você permitir, vai notar como ele é um cara super legal e diferente do que você conheceu.
Daquela que te ama muito (e deseja que você não brigue com ela)

Guardando o papel no bolso traseiro do short, acenei com a cabeça uma vez para mostrar para ela que havia lido e que aceitava os termos. Sorrindo, ela me abraçou.
− Hoje vai ser um domingo perfeito! – declarou.