terça-feira, setembro 22, 2009

Vampiresco

Era noite de todos os santos em Lyon no ano de 1720. Se tratava de uma cidade já bastante próspera, graças ao comércio. Porém muitas famílias que residiam no entorno da cidade eram tão antigas e abastardas que ninguém sabia ao certo de onde vinha a riqueza destas. A família Lefèvre era uma dessas, onde a riqueza e o domínio de terras era impensável para uma pessoa comum, porém, com a morte do Marquês de Lefèvre, seu filho, Louis, na tenra idade de 17 anos, assumiu o comando de todo patrimônio acumulado através dos séculos, porém, para o garoto, o fardo era muito grande. Acostumado a uma vida mimada e sem preocupações, ao carregar o peso da família nas costas, mas a sua irmã caçula para criar, fez com que endurecesse muito cedo.
Já haviam se passado 5 anos desde o falecimento do seu pai e o garoto ainda não se adaptara a ser o dono do próprio nariz. Louis se encontrava bêbado, caído próximo a uma estátua. Não se lembrava como tinha chegado até aquele lugar, apenas que tinha saído para beber mais cedo sozinho, para tentar curar os seus problemas de solidão constante. O problema é que ele não se lembrava de já ter estado naquele local, mas a vontade de estar ali não o abandonava. Muito menos a de tirar a própria vida, e ele não sabia o porquê dessa vontade. Quando, de repente, começou a ouvir o farfalhar de uma capa.
-- Quem está aí? - gritava Louis -- Não ouse se aproximar!
Então ouviu uma risada horripilante.
-- Por que pergunta? Você está aí, esperando pela morte e, quando ela chega, se assusta?
--Eu... Como assim esperando pela morte? Pelo que sei, não estou esperando ninguém, muito menos alguém que se denomine como "a morte"!
-- Louis, Louis, Louis... Por que insiste em negar que estava me esperando?
Louis apertou sua visão, para tentar dar alguma lógica as imagens deformadas que se formavam diante de si causadas pelo abuso de álcool. Estava tudo fora de foco mas, mesmo assim, ele não conseguia determinar de que lado vinha a voz. Nem sua visão, nem sua audição estavam a fim de cooperar.
-- Saia daqui, seu monstro!
-- Você não é o primeiro a me chamar de monstro e, acredito, não será o último. Além do mais, não foi um dos mais criativos... Já fui chamado de tantas coisas... Mais isso não vem ao caso.
O estranho ser parou de falar, Louis procurava em todas as direções para vê se conseguia notar algum movimento, mais a som parecia estar vindo de todos os lugares, então a voz continuou:
-- Eu te trago duas opções... Bem louváveis, por sinal – pigarreou, como se dando uma maior importância ao que ia falar -- Primeiro: a morte. Você tanto a procura, mesmo que inconscientemente, que resolvi trazê-la para ti. Seria uma espécie de presente, pense assim... Uma libertação.
Louis arregalou os olhos, ainda não sabia de onde vinha a voz, mais o pavor tomava conta de cada célula do seu ser. Ele não conseguia se mexer, o pânico era o controlador de seu sistema nervoso que, ao invés de gritar e se rebelar saindo correndo, escolheu por ficar paralisado e silencioso.
-- A segunda opção - continuou a voz - Não é menos importante que a primeira e seria benéfico para nós dois, eu te daria algo em troca de um... favor. Agora que já dei as opções, sinta-se livre para escolher...
-- Escolher? Mas do que está falando?! - disse Louis acordando do seu torpor. Ficou de pé e começou a procurar em todas as direções -- Quem foi que disse que eu quero morrer? Eu... eu... eu só posso estar imaginando essa conversa! É isso, estou muito bêbado... Essa é a única explicação!
Novamente ouviu aquela risada ensurdecedora.
-- Quem sabe, não é verdade? De qualquer forma...
A voz não terminou a frase. Quando, então, Louis sentiu um forte abraço por trás, mas não conseguiu ver o rosto de quem o segurava, ele se sentia preso em um pesadelo, recheado por um turbilhão de cores. O abraço foi se apertando até que ele sentiu o que parecia, a princípio, um beijo em seu pescoço, mas então o beijo se transformou em uma mordida. Era como se a vida estivesse sendo drenada através daquele beijo maldito.
Seus pés já não tocavam o chão.
Ao que parecia ser sua última gota de vida sendo drenada, quando começou a perder o foco por completo das coisas que o rodeavam, o abraço se afroxou e ele caiu. O ser começou a se afastar, então falou, bem distante de Louis, mas parecendo um sussurro.
-- Nos encontraremos em breve.

sábado, setembro 19, 2009

Um dia para e história...

Por volta de Maio (quando minha tia se casou), eu conheci uma garota ímpar: super legal e fanática por livros. Logo desenvolvemos uma amizade que se baseou em troca de e-mails e informações sobre livros e faculdades (ela também faz Engenharia - mas já passeou por várias partes do conhecimento humano). O fato é que essa garota me apresentou a um novo tipo de literatura e, desde então, me viciei.

Para quem não me conhece, tenho um certo TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), quando começo a ler algo, não consigo parar (só quando está muito chato!), isso se aplica a bandas, séries e filmes também. Com esse novo tipo de literatura na mente, sai em busca de algum lugar onde pessoas também tivessem esse mesmo interesse.

Foi assim que eu conheci essas garotas MARAVILHOSAS que eu passei a tarde hoje. Procurei, na época, um clube do livro e esse interesse em comum que tornou o grupo tão forte. Lembro que, quando cheguei na comunidade (tudo foi feito via Orkut), apenas tinham umas 5 garotas, hoje já são mais de 20!

Já até contei como foi o primeiro encontro...

Enfim, o dia de hoje...

Durante toda a semana eu passei com um único pensamente: "Sábado Meg Cabot vai estar aqui em Salvador e eu TENHO que ir!", mas como a vida universitária tem seus altos e baixos (muitos e muitos baixos), ficou marcado para hoje uma visita técnica para uma reserva ambiental. Na minha cabeça, várias coisas aconteceram, incluindo planos mirabolantes de ir e voltar, de alguma forma, antes do horário da abertura do shopping (o que, obviamente, é impraticável), mas fato é que me corroi durante todos os dias, pensando em Meg e em como eu queria apenas o seu autógrafo. Até ontem estava tudo certo: iriamos para Sapiranga e ponto. Mas daí começaram as desistência, foi um aqui, outro acolá, eu meio doente... E a ida foi cancelada! Não vou dizer que fiquei feliz e coisa e tal, mas não me descabelei de tristeza com o cancelamento.

Hoje foi um dia atípico, acordei cedo (isso eu já faço normalmente) e me arrumei, só esperando minha mãe que havia saido e levado o meu cartão (estou sem um tostão furado no bolso). Quando deu umas 9h da manhã, me liga a mesma garota que me fez viciar em Meg e afins me perguntando onde eu estava... Eu, toda pronta, na expectativa de, a qualquer momento, minha amada mãe entrar pela porta e eu sair no seu vácuo. Não demorou muito e lá fui eu, vestida com meu vestidinho de gola polo (me apaixonei por ele) e com uma sandália que prometia não machucar meus sensíveis pés (mais tarde ela se provou uma tremenda tráira).
Para a minha surpresa, ao chegar na Saraiva, encontrei com a criadora do clube (do livro, supracitado) e já estávamos nos juntando quando minha amiga me ligou, acabamos juntando todo mundo (o que se provou PERFEITO).

A união em pró de um fator comum (Meg Cabot), foi fantástica! Conhecemos novas pessoas, fizemos maluquices, contamos nossas vidas, colocamos tiaras de princesas, tiramos fotos com essas tiaras... Tudo o que era possível. Minha percata quebrou, comprei uma havaiana (que eu não vou contar para minha mãe o valor real, não precisamos matar a velhinha assim, né?), comi McDonalds (eu nem lembrava mais o sabor! Sério, a anos eu não comia um bigmac...)... E, claro, tiramos trocentas fotos com livros, fazendo careta ou o que viesse na mente...

Ainda estou um tanto quanto deslumbrada, pois não foi só o fato de ter ido ver a Meg (que foi suuuuuuuuuuper simpática), mas também de me entrosar com pessoas tão diferentes de mim, mas extremamente divertidas!

Estou nas nuvens!
Go Meg!
Escreve mais 50!

a foto:

Paz

quinta-feira, setembro 10, 2009

Mas um post sem compromisso com o PT ou qualquer outra coisa...

Não sei porque comecei a escrever, apenas senti essa vontade indescritível dentro de mim de abrir o que nem eu consigo entender. Sou uma pessoa facilmente manipulável por livros, filmes, pessoas... Já havia escrito isso antes, mas torno a reforçar. Hoje assisti a dois filmes que fizeram com que eu voltasse a me questionar: "o que eu quero da vida? O que eu tenho feito para isso?", essas foram as perguntas mais fáceis que me fiz. Não entrei no campo das perguntas generalistas como "por que o ser humano está aqui?" nem nada do tipo, mas a minha indagação interna foi forte e, novamente, não foi conclusivo.

Vira e mexe estou me questionando. Meus atos e atitudes, forma de encarar a vida, forma de encarar as pessoas, forma de me encarar. As vezes me surpreendo pensando que não sou uma boa amiga e que por isso as pessoas não confiam em mim. Esses momentos de questionamentos costumam durar bastante. Porém eu também tenho momentos que agradeço por ter tantos amigos.

Eu não disse que era simples.

O fato é que as vezes acho que minha atitude não é honesta. Mas eu não sei como ser de outra forma, como se alguém que quisesse fazer a diferença vivesse dentro do corpo de um ser completamente inoperante. Não estou dizendo que sou falsa ou coisas do tipo, mas tem horas que não gostaria de estar no meu corpo. As outras horas que não passo pensando nisso são os momentos que estou entrertida com outras coisas: livros, filmes, músicas, roupas, estudo... Graças a Deus tenho um gosto variado!

É tão difícil falar de mim mesma! Acho que já escrevi uns 100 textos dizendo as mesmas coisas, as mesmas indagações do início do post. Mas nunca chego a lugar nenhum. Creio que o relógio gira para todos, menos para mim. Estou parada na mesma posição a tanto tempo que acho que não saberia o que fazer se algo extraordinário acontecesse. Deve ser por isso que leio tanto romance, estou em busca de um sentido maior... mas está tão difícil...

Horas gostaria de ser como a Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito), mas normalmente estou mais para a Emma Corrigan (O Segredo de Emma Corrigan) no início da história: a espera de uma mudança que está ali, logo na esquina.

Não vou finalizar esse texto, pois provavelmente escreverei outro com o mesmo conteúdo dentro de alguns dias (quando eu voltar a me sentir essa m%¨$¨$#), também não vou me despedir, pois é deixando o espaço aberto que eu vou escrevendo a minha história...

O que se aprende no ambiente de trabalho?

A algum tempo venho percebendo que a resposta para essa pergunta é bastante curta e, mesmo assim, complexa. TUDO, isso é o que se aprende.

Quando comecei meu estágio (por volta de um ano atrás), tive medo. Nunca tinha feito nada na minha vida, sempre dependi do dinheiro de minha mãe e, por isso, acabei desenvolvendo outros segmentos da minha. De fato, virei uma caseira convicta, pois minha mãe não tinha condições de sustentar uma casa, minha faculdade e todo o resto apenas com o seu mínimo salário (pois eu fui egosísta ao ponto de não cursar uma federal por causa do curso: hoje eu tenho consciência disso e não me orgulho em nada, mas algumas pessoas não nasceram para cursar Economia =/).

O fato é que entre em um setor onde o que eu fazia era, basicamente, educação ambiental. Como era a minha primeira experiência, é CLARO que tremia nas bases só de pensar em errar e uma das minhas características principais é a insegurança, e viver em um novo ambiente para mim foi um tanto aterrorizador.

E essa foi a primeira coisa que eu aprendi. Não a insegurança, que ela já me persegue a alguns anos, mas o fato de ser atenciosa, prestar atenção nos detalhes.

Durante 6 meses continuei nesse local e aprendi outras coisas interessantes como, por exemplo, a conviver com pessoas diferentes de mim. Eramos 5 estagiárias: 4 biólogas e eu, de engenharia ambiental, por aí já dá pra perceber que era uma zoação com a minha cara, por ser a diferente, fora que as minhas 3 superiores também eram biólogas. Era extremamente divertido e acabamos criando uma rotina do lanche das 5 da tarde.

Aprendi o que é trabalho de equipe e trabalho com o público. Esse último eu já tinha uma base de quando fiz trabalho voluntário, mas valeu para reforçar. Fora que ter o MEU salário no final de cada mês mudou completamente a minha perspectiva.

Bem, como já disse, meu problema É a insegurança. Depois desses 6 meses fui transferida de setor e, novamente, o pânico veio. Dessa vez eu iria estagiar com Engenheiras Ambientais, ou seja, olha a perna tremendo novamente! Sempre começo achando que não sei nada, que vão me pedir para fazer trabalhos hercúleos ou coisas do tipo. Mas não. Encontrei um ambiente super agradável, onde a Engenheira responsável pelo meu estágio (a outra já foi embora) é engraçada e não é parecida com aquelas que se vê na televisão (bruxas e coisas relacionadas), na verdade até que nos damos bem, com direito a rotina: todo dia, as 16h, tomamos chá com biscoitos. Comecei a perceber que, onde eu vou, acabo criando uma rotina xD.

Mas essa não é a única coisa que me agrada por aqui. Sei que o salário que me pagam não é muito (na verdade, é uma merréca), mas o que eu me divirto não está no gibi! Certo dia, veio uma moça de um outro setor que vendia produtos... calientes, se assim pode-se chamar. O fato é que as mulheres do setor ficaram super empolgadas para ver os produtos na "maleta rosa". Eu, na condição de virgem, inocente, pura e besta, não pude deixar de dar muitas risadas. A sorte é que a sala (que é enorme e povoada por umas 100000 pessoas) é quase que, exclusivamente, habitada por mulheres, entre arquitetas e engenheiras. Os (poucos) homens existentes ficam localizados em uma parte da sala, todos aglomerados. A história toda foi muito engraçada e ainda teve o momento delas comentarem as experiências,o que, segundo algumas, seria bom para mim, para que eu aprendesse. Bom, vejamos, talvez um dia eu utilize de alguma forma.

Outras coisas costumam acontecer por aqui. Sempre discutimos livros e filmes, aqui eu posso comentar os livros que eu leio com pessoas que também gostam de ler. Não que não encontre isso em outros ambientes, pois até já entrei em um clube do livro, mas aqui é diferente, minha opinião é vista como interessante (apesar da minha pouca idade).

Antes que comecem as interrogações, eu aprendo muito da minha área aqui, a parte de licenciamento ambiental não é tão chata quanto as aulas na faculdade me pareciam. Mas, mesmo que não estivesse aprendendo nada, já iria valer a pena. Sempre vive em um meio de pessoas relativamente iguais a mim. Não quero dizer que eramos máquinas, ou coisas do tipo, mas pertenço a um grupo que, basicamente, cresceu junto. Outro ponto é que cresci em um meio muito fechado (escola/casa ou faculdade/casa), essa mudança de ares me serviu para abrir os olhos (e a cabeça) para várias coisas. Inclusive na minha forma de enxergar o mundo a minha volta e a mim mesma.

O que quero dizer é que o que se aprende no ambiente de trabalho é sobre estar cercada por pessoas diferentes, cativantes, com tantas experiências diferentes e tentar assimilar o máximo possível.

Acho que tenho sorte... Onde já se viu uma estagiária dizer que gosta do estágio?
Bem, não sei se estou trabalhando de forma correta (de coração, eu tento, mas sou muito atrapalhada), mas sei que, mesmo não sendo a melhor estagiária por aí, me esforço ao máximo...

É isso

PAZ
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