domingo, abril 27, 2008

O Gigante Egoísta - Oscar Wilde

Hoje postarei um texto de um "cara" que eu gosto muito... Oscar Wilde:

O gigante egoísta

Oscar Wilde
Tradução de Oscar Mendes

Todas as tardes, ao regressar da escola, costumavam as crianças ir brincar no jardim do Gigante.
Era um jardim amplo e belo, com um macio e verde gramado. Aqui e ali, por sobre a relva erguiam-se lindas flores como estrelas e havia doze pessegueiros que na primavera floresciam em delicados botões cor-de-rosa e pérola, e no outono davam saborosos frutos. Os pássaros pousavam nas árvores e cantavam tão suavemente que as crianças costumavam parar seus brinquedos, a fim de ouvi-los. “Como somos felizes aqui!”, gritavam uns para os outros.
Um dia o Gigante voltou. Tinha ido visitar seu amigo o Ogre de Cornualha e ali vivera com ele durante sete anos. Passados os sete anos, dissera tudo quanto tinha a dizer, pois sua conversa era limitada, e decidiu voltar para seu castelo. Ao chegar, viu as crianças brincando no jardim.
— Que estão vocês fazendo aqui? — gritou ele, com voz bastante ríspida e as crianças puseram-se em fuga.
— Meu jardim é meu jardim — disse o Gigante —. Todos devem entender isto e não consentirei que nenhuma outra pessoa, senão eu, brinque nele.
Construiu um alto muro cercando-o e pôs nele um cartaz:
É PROIBIDA A ENTRADAOS TRANSGRESSORES SERÃO PROCESSADOS
Era um Gigante muito egoísta.
As pobres crianças não tinham agora lugar onde brincar. Tentaram brincar na estrada, mas a estrada tinha muita poeira e estava cheia de pedras duras, e isto não lhes agradou. Tomaram o costume de vaguear, terminadas as lições, em redor dos altos muros, conversando a respeito do belo jardim por eles cercados. “Como éramos felizes ali!” diziam uns aos outros.
Depois chegou a primavera e por todo o país havia passarinhos e florinhas. Somente no jardim do Gigante Egoísta reinava ainda o inverno. Os pássaros, uma vez que não havia meninos, não cuidavam de cantar nele e as árvores esqueciam-se de florescer. Somente uma bela flor apontou a cabeça dentre a relva, mas quando viu o cartaz, ficou tão triste por causa das crianças que se deixou cair de novo no chão, voltando a dormir. Os únicos que se alegraram foram a Neve e a Geada.
— A primavera esqueceu-se deste jardim — exclamaram —. de modo que viveremos aqui durante o ano inteiro.
A Neve cobriu a relva com seu grande manto branco e o Gelo pintou todas as árvores de prata. Então convidaram o Vento Norte para ficar com eles e o vento veio. Estava envolto em peles e bramava o dia inteiro no jardim, derrubando chaminés.
— Este lugar é delicioso — dizia ele —. Devemos convidar o Granizo a fazer-nos uma visita.
De modo que o Granizo veio. Todos os dias, durante três horas, rufava no telhado do castelo, até que quebrou a maior parte das ardósias, e depois punha-se a dar voltas loucas no jardim, o mais depressa que podia. Trajava de cinzento e seu hálito era frio como gelo.
— Não posso compreender por que a Primavera está demorando tanto a chegar — disse o Gigante Egoísta, ao sentar-se à janela e olhar para fora, para seu jardim frio e branco —. Espero que haja uma mudança de tempo.
Mas a Primavera nunca chegou, nem tampouco o Verão. O Outono deu frutos áureos a todos os jardins, mas ao jardim do Gigante não deu nenhum.
— É demasiado egoísta — disse ele.
De modo que havia sempre Inverno ali e o Vento Norte, e o Granizo, e a Geada e a Neve dançavam por entre as árvores.
Uma manhã jazia o Gigante acordado em sua casa, quando ouviu uma música deliciosa. Soava tão docemente a seus ouvidos que pensou que deviam ser os músicos do Rei que iam passando. Era na realidade apenas um pequeno pintarroxo que cantava do lado de fora de sua janela, mas já fazia tanto tempo que não ouvia ele um pássaro cantar em seu jardim que lhe pareceu aquela a mais bela música do mundo. Então o Granizo parou de bailar por cima da cabeça dele, o Vento Norte cessou seu rugido e delicioso perfume chegou até ele pela janela aberta.
— Creio que chegou por fim a Primavera — disse o Gigante, saltando da cama e olhando para fora.
Que viu ele?
Viu um espetáculo maravilhoso. Por um buraco feito no muro, as crianças tinham-se introduzido no jardim, encarapitando-se nas árvores. Em todas as árvores que conseguia ver achava-se uma criancinha. E as árvores sentiam-se tão contentes por ver as crianças de volta que se haviam coberto de botões e agitavam seus galhos gentilmente por cima das cabeças das crianças. Os pássaros revoluteavam e chilreavam, com deleite, e as flores riam, apontando as cabeças por entre a relva. Era um belo quadro. Apenas em um canto ainda havia inverno. Era o canto mais afastado do jardim e nele se encontrava um menininho. Era tão pequeno que não podia alcançar os galhos da árvore e vagava em redor, chorando amargamente. A pobre árvore estava ainda coberta de geada e neve e o Vento Norte soprava e rugia por cima dela.
— Sobe, menino! — dizia a Árvore, inclinando seus ramos o mais baixo que podia. Mas o menino era demasiado pequenino.
E ao contemplar o Gigante aquela cena seu coração enterneceu-se.
— Como tenho sido egoísta — disse. Agora estou sabendo por que a Primavera não vinha cá. Vou colocar aquele pobre menininho no alto da árvore e depois derrubarei o muro e meu jardim será para todo o sempre o lugar de brinquedo para os meninos.
Sentia-se deveras muito triste pelo que tinha feito.
De modo que desceu as escadas e abriu a porta de entrada bem devagarinho, saindo para o jardim. Mas quando as crianças o viram, ficaram tão atemorizadas que saíram todas a correr e o jardim voltou a ser como no inverno. Somente o menininho não correu, pois seus olhos estavam tão cheios de lágrimas que não viram o Gigante chegar. E o Gigante deslizou por trás dele, apanhou-o delicadamente com a mão e colocou-o no alto da árvore. E a árvore imediatamente abriu-se em flor e os pássaros chegaram e cantaram nela pousados e o menininho estendeu seus dois braços, cercou com eles o pescoço do Gigante e beijou-o. E as outras crianças, quando viram que o Gigante já não era mau, voltaram correndo e com eles veio também a Primavera.
— O jardim agora é de vocês, criancinhas — disse o Gigante, que pegou um grande machado e derrubou o muro. E quando as pessoas iam passando para a feira ao meio-dia, encontraram o Gigante a brincar com as crianças no mais belo jardim que jamais haviam visto.
Brincaram o dia inteiro e à noitinha dirigiram-se ao Gigante para despedir-se.
— Mas onde está o companheirinho de vocês? — perguntou —. O menino que eu pus na árvore?
O Gigante gostava mais dele porque o havia beijado.
— Não sabemos — responderam as crianças —. Foi-se embora.
— Devem dizer-lhe que não deixe de vir amanhã — disse o Gigante. Mas as crianças responderam-lhe que não sabiam onde ele morava e nunca o tinham visto antes. E o Gigante sentiu-se muito triste.
Todas as tardes, quando as aulas terminavam, as crianças chegavam para brincar com o Gigante. Mas o menininho de quem o Gigante gostava nunca mais foi visto de novo. O Gigante mostrava-se muito bondoso para com todas as crianças, contudo tinha saudades do seu primeiro amiguinho e muitas vezes a ele se referia.
— Como gostaria de vê-lo! — costumava dizer.
Os anos se passaram e o Gigante foi ficando muito velho e fraco. Não podia mais tomar parte nos brinquedos, de modo que se sentava numa grande cadeira de braços e contemplava o brinquedo das crianças e admirava seu jardim.
— Tenho belas flores em quantidade — dizia ele , mas as crianças são as mais belas flores de todas.
Numa manhã de inverno, olhou de sua janela, enquanto se vestia. Não odiava o Inverno agora, pois sabia que era apenas a Primavera adormecida e que as flores estavam descansando.
De repente, esfregou os olhos, maravilhado, e olhou e tornou a olhar. Era realmente uma visão maravilhosa. No canto mais afastado do jardim via-se uma arvore toda coberta de alvas e belas flores. Seus ramos eram cor de ouro e frutos prateados pendiam deles e por baixo estava o menininho que ele amara.
O Gigante desceu as escadas a correr, com grande alegria, e saiu para o jardim. Atravessou correndo o gramado e aproximou-se da criança. E quando chegou bem perto dela, seu rosto ficou vermelho de cólera e perguntou.
— Quem ousou ferir-te?
Pois nas palmas das mãos da criança viam-se as marcas de dois cravos e as marcas de dois cravos nos pequeninos pés.
— Quem ousou ferir-te? — gritou o Gigante —. Dize-me, para que eu possa tirar minha grande espada e matá-lo.
— Não — respondeu o menino —. São estas as feridas do Amor.
— Quem és? — perguntou o Gigante, sentindo-se tomado dum grande respeito e ajoelhando-se diante do menininho.
E o menino sorriu para o Gigante e disse:
— Tu me deixaste brincar uma vez em teu jardim, hoje virás comigo para o meu jardim, que é o Paraíso.
E quando as crianças chegaram correndo naquela tarde, encontraram o Gigante morto sob a árvore toda coberta de alvas flores.

— Fim —

Fonte: WILDE, Oscar. Obra Completa. Organização, tradução e notas de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.

segunda-feira, abril 21, 2008

De volta!

Ontem estava de TPM... admito, fazer o que?

Ser mulher é difícil... minha crise passou... hoje estou bem e percebi que toda a minha energia estava virada na direção errada!

Descobri que todo o meu problema é a falta que faz o meu voluntariado... sempre fiz trabalhos voluntários, mas esse semestre parei tudo em pró da faculdade e como mente vazia moradia do diabo... dito e certo... gastei minhas forças pensando em coisas erradas!!

Eu não sou mal amada! Muito pelo contrário!!!
E sou grata pelo que tenho...

Agora que descobri o meu problema, vou correr atrás para resolvê-lo... depois de amanhã vou ver em uma escola pública que tem por aqui se eles estão precisando de alguém para dar aulas de reforço de matemática, física ou química... ou então alguém pra dar um pequena ajuda na parte de educação ambiental, ou alguém que ensine Origami (é, eu sei fazer origami ^^), ou então... qualquer coisa!
Estou me sentindo útil novamente e só posso agradecer a um amigo, que eu não vou comentar o nome, apesar de ele nem imaginar que eu tenho um blog... mas foram algumas palavras dele que me fizeram ver que eu não sou tão desprezível!

Enfim

Paz!
=]

domingo, abril 20, 2008

Apenas um post sobre mim

Hoje estou down...

Estou blue...

Estou sad...

Tudo bem que a música que estou escutando não está ajudando (Legião Urbana- Pais e Filhos)... Acho que preciso chorar... mas sim... hoje o meu post vai ser só sobre mim... não vou falar sobre mais nada, se quiser, pode pular e ler outro post ou se quiser, não faça nada...

Continuando...

Preciso chorar, na verdade, falta bem pouco para que isso aconteça. Hoje está sendo um dos dias mais tristes da minha vida, que na verdade não existe...

Esse esboço que eu chamo de "minha vida" está uma porcaria... se eu pudesse, apagaria tudo e recomeçaria. Mas como não posso, sofro. O pior que só posso culpar a mim mesma. Não tenho amigos, não tenho nada. Apenas algumas pessoas que acreditam que me conhecem... sou uma concha forte e sorridente por fora, mas por dentro sou apenas o vazio... um buraco negro... Sou, simplesmente, o ser mais desprezível da terra. Sou invisível, inexpressíval... Um Mister cellophan!
As pessoas passam por mim, e nunca reparam... é verdade... e o motivo?
Por que sou esquisita... sou, simplesmente, feia. Eu odeio pensar assim... ou é isso, ou... não, é isso mesmo...


Em poucas palavras, estou solitária... e agora acabei de perceber o porque disso... eu devo trazer as pessoas pra baixo, mas... eu estou sempre sorridente... mesmo que por dentro esteja em pedaços...
Não, não é isso
deve ter outra razão pra que ninguém sinta atração por mim... Acreditar que é só por conta do meu tamanho e minha largura me faz pensar que o mundo real é uma bela porcaria...

é isso

PAZ
=/

sexta-feira, abril 11, 2008

Frases boas e um tênis velho

"Estamos todos na sarjeta mas alguns estão olhando para as estrelas."
- Oscar Wilde

Muito interessante o que Oscar Wilde disse, na verdade, muitas frases dele são pra fazer pensar... Até tenho uma aqui do lado, mas a minha favorita ainda é a:

"Qualquer pessoa que tenha lido a história da humanidade aprendeu que a desobediência é a virtude original do homem."

Acho que tem uns 4 anos que anotei essa frase na parede do meu quarto, ela sempre me faz refletir... É através dela que não me permito aceitar tudo o que tentam me obrigar... Não estou falando de desobediência do tipo bater em todo mundo e tal, mas a de não aceitar o que nos faz mal.

Mas sim...

Eu tenho um velho all star surrado... nós já passamos por muitas coisas juntos e eu me recuso a jogá-lo fora...
mas não era isso que eu queria dizer...
espera...
me perdi...
mas sim...
Eu sempre escrevo qualquer coisa nele, nem que seja apenas um traço...
Depois de anos com ele, apenas alguns dias atrás resolvi escrever "Virtude Original" na parte da frente dele... já deveria ter feito isso a séculos....


Continuando...

Depois que fiz isso, comecei a levar mais a sério ainda o que o Oscar Wilde disse, pois toda vez que olho para o chão e vejo meu tênis, encaro a frase e torno a erguer minha cabeça...

Todo esse post sem sentido que acabei de escrever (pra variar, eu não sou muito boa de organizar as minhas idéias) foi para chegar na seguinte dica:

Pegue um tênis seu que não sai do seu pé (ou uma sandália, ou faça uma tatoo, mas faça algo) com uma frase que toda vez que o mundo te forçar a baixar a cabeça, quando você olhar para seu pé, te lembre de quem realmente você é, e te faça reerguer o rosto.

É isso...

PAZ
=]

domingo, abril 06, 2008

Carta para alguém

Sinto informar, mas acho que o que temos não é real. É apenas a imaginação brincando com minha razão, tornando-me vulnerável e sensível.
Não consigo explicar o que está se passando comigo. Meu cérebro não me obedece, memórias falsas surgem a todo instante, então meus olhos enchem de lágrimas de saudade por situações que nunca aconteceram. Isso é tão estranho! Por causa dessa pseudo-relação, tudo que eu sempre acreditei ser certo, tornou-se errado e sujo.
Nunca acreditei no amor, mas o que é isso que me dá todas as vezes que fecho meus olhos?
É a sua mão que me toca...
Sua voz que escuto...
Sua boca que sinto...
Sei que estou ficando louca, mas depois disso, não tenho coragem de abrir os olhos, pois tenho medo de perder o que nunca tive.
Me sinto desnorteada se não te vejo por um dia.
O mais engraçado (ou mais triste) é que todo esse sentimento é unilateral. A minha existência, juntamente com todos os meus confusos sentimentos, simplesmente não existem pra você. Sei que a culpa não é sua, a minha falta de coragem é o que nos mantém afastados.
Espero que um dia fique comigo
Mesmo que por apenas um único segundo
Pois você é tudo o que preciso
Para um dia, quem sabe, organizar meu mundo

Espero que seja muito feliz e que nunca chegue a ler essa carta...



Paz
='/

sábado, abril 05, 2008

O caminho de Sofia

Sofia caminhava sobre uma estrada de terra...

Para ela aquele caminho era novo, alias, como todos os que ela pegava...

Para a garota, não importava para onde aquela estrada levava, nem de onde ela tinha começado...

O que importava era o fato dela estar caminhando...

Sempre andava olhando para os próprios pés...

Durante muito tempo ela fez esse caminho, mas percebeu que nada nunca mudava...

Então parou...

Primeiro, olhou para a frente, e viu uma cidade e montanhas ao fundo.
Olhou para os lados, e viu como tudo era verde, bonito.
Olho para trás e viu uma multidão...

Depois desse dia, Sofia nunca mais encarou os próprios pés.
Começou a andar apenas para frente e, de vez enquando, parando e olhando para trás...

quarta-feira, abril 02, 2008

Hoje não tenho sobre o que escrever... então fica uma recomendação...

Estou assistindo uma série bem legal, o seu nome é Prison Break e vale muito a pena assistir!

É isso...

PAZ
=]