sexta-feira, dezembro 25, 2009

Capítulo 4.

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3.




Capítulo 4.

Na quinta-feira tivemos outra tarde de estudos, esses cheios de tensão, porém sem nenhuma ação. Não que estivesse esperando alguma coisa, afinal só era a segunda vez que passávamos a tarde juntos, mas tudo vira uma arma em uma cabeça como a minha. Pensando nisso, eu e Júlia resolvemos tirar a tarde de sábado descansando na piscina de minha casa e analisando o que eu estava fazendo de errado, já que, para Jú, era óbvio que Flávio estava caidinho por mim.
Júlia estava deitada em uma das espreguiçadeiras próximas a borda da piscina enquanto eu estava na água.
-- Jú – gritou minha mãe – Tem visita para você.
-- Para mim? Na sua casa – sussurrou.
Sacudi meu ombro e voltei a mergulhar. Estava muito quente em Salvador e ainda nem era verão.
-- Prima! – ouvi o grito ao voltar à superfície. Estava saindo da piscina quando percebi o garoto alto e loiro que passava pela porta dos fundos, vindo em nossa direção.
Júlia levantou de um pulo e olhou para a minha cara assustada, começou a negar com a cabeça e seus olhos passavam a mensagem de que ela não tinha nem idéia de que seu primo tinha chegado. O garoto veio e a carregou em um abraço apertado.
-- Prima! Quanta saudade! Você continua linda!
Enquanto os dois se abraçavam, puxei a toalha que estava sobre a cadeira e envolvi o meu corpo, quanto menos ele visse de mim, melhor. Andando o mais rápido que podia sem ser notada, fui em direção a casa com passos firmes.
-- Elizabeth? Lisa? É você? – virou-se rapidamente o garoto, colocando a prima no chão e vindo em minha direção. Minha respiração ficou falha e logo fiquei vermelha. A vontade que tive foi a de dar uma resposta mal educada, mas para mostrar que era superior, dei uma resposta simples.
− Pois é, continuo sendo eu.
-- Que bom, fico feliz em te rever também.
E, inesperadamente, me abraçou. Mantive os braços presos paralelos ao corpo.
-- Espero que tenha uma boa estadia. – disse, finalmente, virando em direção a casa e seguindo para o meu quarto.
Não deu para deixar de notar o quanto ele tinha mudado fisicamente desde seus 14 anos. Ele sempre foi alto e loiro, mas também era bastante magricela e desengonçado. Usava óculos e era muito pálido, por conta de morar em um país tão frio.
Seu pai era brasileiro, porém havia ido morar na fria Londres pelo trabalho. Lá conheceu a esposa, que também era brasileira e tiveram o Rodrigo. Não era sempre que eles tinham a oportunidade de voltar ao Brasil, mas seis anos antes conseguiram umas férias de um mês e decidiram que já era hora do filho deles conhecer a família. O garoto sabia fluentemente ambas as línguas, mas sempre acabava escorregando no português por falta de prática. Quando chegaram ao país, mais exclusivamente a Salvador, foi uma alegria para todos. O pai do garoto era irmão do pai de Júlia e ele foi se hospedar com eles em sua casa. Por causa da proximidade, o fato de terem um filho quase da idade dos seus e a grande amizade que Júlia e eu já tinhamos, Rodrigo acabou sendo incorporado ao grupo das crianças sem maiores problemas.
As férias estavam sendo ótimas, Rodrigo estava menos pálido em comparação com seus novos amigos e começamos a simpatizar um pelo outro. Sempre quando tinha alguma dificuldade em encontrar uma palavra em português ele recorria a mim. Eu também era a única menina que me envolvia em todas as brincadeiras, já que Júlia estava muito ocupada com suas bonecas.
Certo dia, enquanto brincavamos de esconde-esconde, Rodrigo me arrastou para um esconderijo que, segundo ele, era impossível de ser encontrado. Como eu já gostava dele na época, me deixei ser levada.
-- Aqui ninguém encontra a gente – disse o garoto, me colocando atrás de si.
-- Tudo bem, eu confio em você – respondi corando.
Sem pensar muito no que estava fazendo, ele virou-se e baixou a cabeça, roubando um beijo meu. Esse foi o meu primeiro beijo.
-- Eu gosto de você – sussurrei sem pensar
-- Também gosto de você - respondeu Rodrigo, enquanto sorriamos um para o outro. Ficaram assim durante algum tempo até que alguém nos encontrou.
Posso dizer que até então, aquela foi a melhor semana que eu já havia tido. Todos os dias saíamos escondidos e corríamos até o parquinho, lá ficávamos de mãos dadas em silêncio. Tudo ia bem até que, certo dia, enquanto estávamos sentados no balanço, um grupo de garotos que costumávamos brincar passou e nos viu tão perto um do outro. Sem mais nem menos eles começaram a fazer piadinhas.
-- Olha só! O Rodrigo está namorando com a bola rosa.
Ao ouvir isso, Rodrigo levantou de um pulo e me empurrou para o lado, o que causou minha queda, dizendo em seguida:
-- Me larga sua baleia! O que é agora, não consegue se levantar sozinha?
E se juntou com os outros meninos. A semana que estava perfeita se transformou em um pesadelo. Fiquei tão arrasada que sai para casa chorando e me tranquei no quarto. Durante toda a última semana da estadia do garoto, não sai mais de casa, independente de todos os pedidos que Júlia fez.

Mesmo depois de seis anos, ainda me sentia abalada na presença dele. Foi o primeiro e último garoto que admiti gostar. Em seu quarto, procurou por uma bermuda e uma blusa e fui para o banho.
-- Liz? – Entrou Júlia – Tudo bem?
Eu já estava deitada na cama, com o óculos no rosto e um livro no colo.
-- Estou sim, ele já foi?
-- Não sei, deixei ele conversando com o Lucas. Ele disse que veio aqui para te ver.
-- Está atrasado seis anos, sinto muito. – disse sem tirar a vista do livro.
-- Vamos lá, Lisa! Ele pelo menos está tentando se desculpar... Faz uma forcinha?
-- Não.
Antes que Júlia pudesse começar a argumentar, o meu celular começou a tocar.
-- É o Flávio – disse, com cara de espanto – O que será que ele quer? Será que esqueci algo no carro dele?
-- Você só vai saber se atender! – disse Júlia.
-- Alô?
-- Liz gatinha, tudo bem?
-- Tudo sim, e com você?
-- Melhor agora... E aí? Vai fazer o que agora à noite?
-- Oh meu Deus! – disse encarando Júlia e tampando o telefone com as mãos – ele está perguntando o que vou fazer agora à noite!
-- Responde logo, então!
-- Não tenho nada programado... Por quê?
-- Ah, é que eu gostaria de saber se não estava a fim de ir ao cinema, como pagamento pela semana de estudo.
-- Por mim, tudo bem.
-- Legal, te pego aí às 20h?
-- Tudo bem.
-- Beijos, até logo.
-- Até...
--OH MEU DEUS! Vamos logo te arrumar!

Depois de alguns minutos na frente do guarda-roupa, a roupa escolhida foi um vestido não muito curto preto de alcinhas que havíamos comprado juntas na terça-feira, com uma sandália rasteira de tirinhas que combinavam perfeitamente com o vestido, deixando a imagem leve e confortável. Júlia saiu correndo e foi em casa buscar um par de brincos e colar que, segundo ela, era o que faltava para tornar tudo harmônico. Fiz uma maquiagem e secamos o meu cabelo ruivo. O trabalho foi demorado porém, preciso admitir, eu estava linda. Peguei um casaquinho leve e arrumei a bolsa.
-- E aí? Como estou?
-- Linda. Ele vai babar.
-- Cruze os dedos por mim...
Descemos as escadas sorridentes. Já nem lembrava mais da minha chateação de cedo, nem reparei nas duas pessoas nos encaravam da sala.
-- Cabeça, vai para onde toda produzida assim? Pediu minha permissão?
Virei para responder, percebendo que ele não estava desacompanhado.
-- Você está linda, Liz. – falou Rodrigo, sem conseguir piscar.
-- Meu nome é Elizabeth e vou esperar Flávio lá fora – falei virando para Júlia.
-- Você não foi um pouco dura com ele, Liz? – disse enquanto saiamos.
-- Não quero falar sobre isso. Só quero saber de Flávio. Ponto.
Não se passaram nem 5 minutos quando um carro esporte estacionou na rua. A respiração de nós duas parou. De dentro do carro saiu Flávio, ainda com os cabelos molhados caindo sobre os olhos, com uma calça jeans preta e uma blusa pólo azul escuro. Já não respirava e nem piscava, só para não perder aquela imagem.
-- UAU – sussurrou Júlia em meu ouvido – Boa sorte!
Disse e saiu em direção a própria casa.
-- Boa noite Liz – se aproximou Flávio beijando-me no rosto – pronta para ir?
Decidida a não mais ficar escondida, respirou fundo.
− Sempre.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Capítulo 3

Capítulo 1
Capítulo 2
continuando:

Capítulo 3.

-- MENTIRA! EU SOU A ZORRA DE UMA PSIQUICA! EU PREVI ISSO! E VOCÊ ME CHAMOU DE LOUCA! – gritava Júlia dentro do quarto de Lisa.
-- Shhhhhh... Fala baixo! O resto da minha família não precisa saber que você é insana! Apesar deles já desconfiarem.
-- Certo...Mas você está feliz, não é?
Ficando corada pela milésima vez no dia, respondi apenas com um sorriso e um aceno de cabeça. Júlia, então, atravessou o quarto e me abraçou
− Estou tão feliz. É sua chance de sair desse casulo. A partir de amanhã, faremos uma reforma no seu guarda-roupa. – disse sorrindo – amiga você tem que parar de se enxergar como o monstro que acha que é. Você é linda, inteligente, interessante... Dê mais valor a si mesma.
Sem saber o que responder, encarei meus próprios pés. Sou insegura, sempre soube. Não sou do tipo de pessoa que se deixa envolver facilmente, nem de permitir que os outros cheguem perto o suficiente. Porém eu estava tão feliz naquele momento, apesar de ter consciência de que era injustificada, que até me permitir a ter esperanças de que o garoto estava demonstrando qualquer tipo de interesse por mim. Percebendo a indecisão que se formava na minha cabeça, Júlia resolveu que não deixaria que aquela faísca de segurança se apagasse.
-- Deixa disso, Liz. Sei o que está passando em sua cabeça. Para de ser tão pra baixo. Eu sei que você está com medo, mas em algum momento vai ter que permitir que alguém ultrapasse essa sua barreira. E nada melhor que o gostoso do Flávio.
-- Tem razão, Jú. – disse a abraçando – A partir de agora, vou ser uma pessoa diferente... Pelo menos não deixarei que as pessoas percebam que estou com medo.
-- Ótimo. Aproveitando a oportunidade, já que está tão corajosa... Lembra do meu primo Rodrigo? Aquele que mora na Inglaterra?
Claro que lembrava. Havia sido o primeiro garoto que beijei. Ocorreu enquanto estávamos escondidos, brincando de esconde-esconde aos meus 12 anos de idade. Sempre marquei aquele como o meu primeiro amor, apesar do que aconteceu ao final da sua estadia pois, quando os meninos da rua suspeitaram de algo, ele simplesmente me humilhou na frente de todos, chamando-me de baleia.
-- É, lembro – soltei o abraço e virei meu rosto para longe de Júlia.
-- Liz, não fica assim. Já faz tanto tempo isso, aposto que ele nem se lembra mais.
-- Claro, pois ele não foi o humilhado.
--Poxa, amiga. Vou fazer de tudo para vocês nem se encontrarem, certo?
-- Não! Assim você vai ser obrigada a ficar com ele esse mês e depois vai ficar mais três meses longe! Ele que não chegue perto de mim! Vou dar um gelo tão forte nele, que ele vai pedir para voltar para a Inglaterra. Agora que decidi não me deixar levar pelas opiniões alheias, não vai ser ele a me colocar para baixo!

Logo cedo, na terça-feira, Júlia entrou como um furacão no meu quarto.
-- Acorda Bela Adormecida! Hoje você vai deixar de ser sapo para se tornar uma princesa!
-- Acho que está confundindo os contos de fada, sua louca-insana-despertador-de-pessoas-inocentes. – Disse, com o rosto enfiado no travesseiro.
-- Pois vai ser essa louca insana aqui que vai te deixar irresistível para aquele pedaço de mau caminho. Enquanto eu separo umas roupas para você tome esse café.
Só então senti o cheiro gostoso que vinha do meu criado-mudo, a caneca fumegante estava ali apenas me esperando.
-- Garota! Como é que nunca percebi que você só usa trapos??? Não tem UMA única roupa que preste aqui! Sua sorte é que trouxe umas peças coringas comigo. Se tivéssemos o mesmo corpo, seria tão mais fácil...
-- Se tivéssemos o mesmo corpo eu seria uma mion, sem problemas de espelho.
-- Ah, cale a boca e vista isso.
-- Posso tomar um banho primeiro?
-- Tá – respondeu já voltando a fuçar o guarda-roupa.

-- Viu só? Você está linda!
-- Estou ridícula.
Encarei o espelho. Não posso dizer que estava linda, mas a combinação de roupas que Júlia havia me arranjado era realmente legal, até me senti mais bonita. Ao invés das velhas calças cargo, estava de saia, com uns cintos coloridos meio jogados. Com uma blusa preta lisa justa, com alguns colares de prata e brincos. A maior façanha de todas foi ela conseguir arrumar meu cabelo com tão poucas coisas, ele estava penteado e a franja arrumada e, para completar o visual, uma fina camada de maquiagem no rosto.
-- Está muito óbvio, Júlia! Ele sempre me viu largada.
-- E daí? Dá um tempo, garota! Uma hora você vai ter que mudar!
-- Você está certa.
-- Claro que estou... E não se esqueça, te busco hoje na casa dele para irmos às compras.

Passei toda a manhã ansiosa. Mas em certos momentos até me senti bem. Uma garota me parou para dizer que tinha curtido os meus cintos. Depois das aulas, fui para a frente do prédio do meu instituto esperar por Flávio. A vontade que tinha era de roer todas as unhas da mão.
--UAU! Você está linda, garota! – disse ele se aproximando e me dando um abraço – Tem programa para depois, é?
-- É, mais ou menos... Vou sair com a Jú.
-- Sim, claro... Então vamos?

A casa de Flávio era enorme. Um enorme jardim na frente, uma piscina no fundo, dois andares, flores sobre a garagem... Tudo era um charme.
-- Vamos estudar na piscina? – perguntou ele – lá é mais confortável...
-- Por mim, tudo bem – respondi.
-- Só vou trocar de roupas, tudo bem? Você pode ir até lá, a mesa do almoço já deve ter sido posta.
Quando voltou, estava com uma blusa de algodão cru, sem estampas e uma bermuda jeans bastante surrada.
-- Pronta para o almoço?
-- Vamos lá!

A tarde foi cheia. Estudamos muito, a todo momento Flávio fazia algum movimento para que nossos braços ou pernas se tocassem. Sem saber como agir, apenas ficava vermelha e fingia que não era comigo.
-- Nossa... Isso foi intenso. – sorriu o garoto.
-- É, e a tendência é piorar, meu caro.
Caímos na risada.
-- Que horas sua amiga vai passar por aqui?
-- Umas 17h, alias, ela já deve estar por aí.
Cinco segundos depois, apareceu a empregada dele informando que uma garota chamada Júlia estava na portaria.
-- Bem, acho que já vou.
-- Tá, claro. Eu te levo até a portaria...
-- Não precisa, sério!
-- Nada disso, faço questão!
Fomos caminhando em silêncio, até que alcançamos o carro de Júlia.
-- Então é isso – disse Flávio me abraçando e beijando o meu rosto – até logo.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Capítulo 2.

Antes leia o CAPÍTULO ANTERIOR
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-- Fala sério, amiga! Você TEM que falar com o cara! – tornava Júlia a repetir pela milésima vez enquanto íamos de carro para a faculdade. Mesmo estando na direção, a garota pouco prestava atenção a pista, virando-se constantemente para me encarar no banco de carona – Ele perguntou por VOCÊ!
-- Caramba, Júlia! Presta atenção na pista e não, não vou falar com ele só por causa disso, alias, nem papo com o garoto eu tenho! A gente pega duas matérias juntos e só. Outra coisa, ele faz engenharia elétrica, deve se achar o maioral por isso... E eu não gosto de pessoas assim!
-- Nossa, garota! Fica calma, só quero te ver feliz, ao invés de enfurnada dentro de casa durante as férias... Eu vou viajar, passar três meses fora, como vai se virar sem mim? Ficando em casa com um livro durante todo o tempo? Deprimente, simplesmente deprimente!
Para calar a sua boca, optei por ligar o som. Sempre tínhamos um momento de loucura quando escutávamos som no carro. Enfiei um CD dos Beatles no CD player, então começamos a cantar muito alto. A cada sinaleira que parávamos, os carros em volta ficavam encarando as duas garotas que cantavam e dançavam sentadas em seus acentos. Na verdade, já recebemos várias cantadas fazendo isso. Quando entramos no campus, Júlia estacionou próxima ao seu prédio, enquanto eu me preparava para caminhar até o meu.
-- Pelo menos não seja grosseira com ele – insistiu.
-- Eu nunca sou grosseira!
Eu percebi o olhar de descrença dela e logo completei.
-- Tá, prometo que ninguém morrerá hoje.
Ela me abraçou e assim nos despedimos.
-- Boa sorte, ranzinza! – Gritou, já distante, Júlia.
Eu já estava de costas, mas fiz um aceno com a mão só para mostrar que tinha ouvido. Segui em direção do prédio em que pegava a matéria, parecia uma grande caixa de concreto, com linhas grosseiras e nem um pouco convidativas. Fui praticamente me arrastando em direção a sala de aula.
-- Liz? – ouvi uma voz forte atrás de mim.
-- Oi Flávio – disse, com uma falsa animação – como foi de final de semana? Preparado para a prova?
Eu sempre podia contar com a minha imaginação quando encontrava com o cara. Não dava pra deixar de reparar que o garoto era bom. Alto, cabelos negros, iguais aos olhos e sobrancelhas grossas. As linhas do seu rosto eram harmônicas e combinavam perfeitamente com o seu queixo. O corpo parecia ter sido feito especialmente para fazer a cabeça das mulheres se virarem em sua direção. Bastava ele se aproxima que cenas em praias desertas apareciam em minha mente. Por conta de tanto magnetismo, eu ficava completamente desconcertada em frente dele.
-- Foi bom, encontrei aquela sua amiga na casa do Renan, não sabia que ela também o conhecia.
-- Pois é, na verdade ele foi nosso vizinho há alguns anos atrás e tornamos a nos encontrar aqui na faculdade.
-- Pô, super legal - ele parou e coçou a cabeça - Então gata, posso te pedir um favor?
-- Acho que sim, se não envolver nada de ilegal, beleza – sorri com inocência.
-- Na verdade, é um pouco ilegal sim... – falou, enquanto passava a mão nos cabelos grossos que caiam sobre seu rosto – É que quase não estudei esse fim de semana por causa de minha mãe, só me livrei dela ontem à noite, quando fui para a festa e tal... Daí estou perdidinho para a prova de hoje... Queria saber se não teria como me passar suas respostas para que eu possa copiar... Eu faço qualquer coisa por você... QUALQUER COISA.
A última frase ele falou me segurando pelos ombros e encarando o fundo dos meus olhos. Apesar do que disse a Jú,, eu tinha uma queda pelo garoto, na verdade, quase um precipício. Com o sangue subindo de uma só vez para o rosto, não consegui negar.
-- Tudo bem, mas não sente muito afastado, vou fazer o que posso.

A prova estava mais fácil do que imaginei. A minha noite de sábado foi, definitivamente, mal utilizada. Tratei logo de passar a limpo e, discretamente, passei a folha de rascunhos para o Flávio.
-- Valeu, gata.
Ao sair da sala, o professor virou para mim e me chamou. Tremi na possibilidade dele ter visto minha pequena trapaça com o Flávio. Respirando fundo, fui até sua mesa:
-- Foi bem, senhorita Banterli?
-- Sim senhor, tive um pouco de dificuldade na 7ª questão, mas acho que foi tudo certo.
-- Muito bem, então. Nos vemos à tarde.
Ele ainda sorriu para mim. Saí cheia de culpa, o pior seria ter que encará-lo pela tarde, já que ele havia me arranjado um trabalho de monitoria que contaria pontos para mim, fora que ele vivia repetindo que eu tinha futuro na área da física.
Ao terminar a prova, Flávio veio correndo e, para a minha surpresa total, me carregou como se não pesasse nada.
-- Gata, você é demais! Pode deixar que eu pago seu almoço!
-- Não precisa, sério mesmo, não me custou nada te ajudar. De qualquer forma, marquei almoço com meu irmão, ele vai passar aqui para me buscar.
-- Você é que sabe, algum outro dia vamos eu e você almoçar, certo?
-- Tudo bem, por mim.
Com um beijo no rosto, nos despedimos. Fiquei um tempo parada olhando ele se afastar, definitivamente um pedaço de mal caminho.
O resto da manhã passou tranquilamente, até o horário de almoço.
-- Hey cabeçuda! – gritava Lucas do outro lado do estacionamento – Não está me vendo aqui não? Vamos logo que também tenho aula a tarde!
Lucas, o orgulho da família. Também, foi o único que se propôs a realizar o desejo de nossos pais de ter um médico na família. Não que eu reclame, é ótimo não ter o peso dos pais sempre dizendo o que fazer. Eu devia dar mais crédito ao garoto, ele parecia levar tudo muito bem.
Marcamos para comprar o presente para a comemoração do aniversário de casamento dos nossos pais que seriam em duas semanas. Pensamos durante muito tempo sobre o que dar, no final decidimos por uma viagem. Eu pagaria uma parte e ele a outra.
-- Maninho! – pulei para alcançar sua bochecha e dando um beijo no local - Não quer fazer isso sozinho não?
-- Você está é louca, eles são NOSSOS pais.
-- Mas você é o favorito.
-- E você é a “menininha”, apesar de não se vestir ou portar como uma.
Encarei a realidade e olhei minhas vestes: uma calça cargo caqui, uma blusa pólo branca e os surrados Converses não ajudavam na imagem.

-- Professor Santos!
Gritei enquanto corria para alcançar o professor que saía do prédio. A escolha do destino para meus pais tinha demorado mais que o previsto. Quando o alcancei, apoiei as mãos no joelho, tentando falar e respirar.
-- Des.. Des.. Desculpa a demora – ofegava.
-- Tudo bem, só sai para buscar um café... O rapaz que eu quero que você dê monitoria ainda não chegou.
-- Ufa... ok. Será apenas um?
-- Sim, senhorita. Como falta um mês para o final do semestre, ele pediu que eu indicasse alguém para ajudá-lo nas provas finais. Como você foi a que se mostrou mais apta na matéria, resolvi tudo.
Ajeitei a da mochila nas costas e acompanhei o professor para dentro da sala. Posso chamar de tumba, pois não era um ambiente nada agradável. Uma sala grande, com várias cadeiras em fila. Tudo parecia ser marrom. Até a forma como a luz entrava pelas janelas era chato.
-- Vocês não precisam estudar sempre por aqui, estou oferecendo a sala caso não encontrem um lugar mais interessante.
Eu não conseguia me imaginar passando mais que cinco segundos naquele lugar, mas antes que eu pudesse dar uma resposta educada ao professor, alguém passou pela porta e se aproximou.
− Desculpa professor! Peguei um tremendo trânsito para chegar.
Claro que fiquei muda. Não podia contar com a sorte de encontrar com o garoto duas vezes no dia. Flávio entrou olhando para mim e eu não conseguia para de encará-lo.
“Consigo imaginar vários lugares melhores de se estudar com ele do que aqui... meu quarto é um bom exemplo”. Comecei a divagar enquanto o professor tornava a repetir o porquê de ambos estudarem juntos e sobre o uso da sala.
-- Lisa?
Devo ter acordado após a terceira vez que Flávio chamou meu nome. Posso dizer que estava divagando algo que envolvia eu, ele, a mesa do professor e nada de roupas. Corada pelos pensamentos, tornei a olhar para ele.
-- Desculpe-me, estava desligada com outras coisas.
-- Tudo bem, estava falando com o professor que nós poderíamos estudar em minha casa mesmo, já que pela tarde não tem ninguém por lá.
“OHMEUDEUSOHMEUDEUSOHMEUDEUSOHMEUDEUS”
-- Tudo bem, por mim.
-- Então tudo certo, quero os relatórios toda semana até o final do mês. Assim posso acrescentar os créditos para você – conclui o professor, enxugando a testa.
Saindo da sala, o garoto puxou Lisa pela mão e a arrastou até um dos bancos.
-- Nós dois novamente, hein gata? Acho que somos uma dupla de sucesso e isso em apenas um dia.
-- É, acho que sim.
Minha cabeça estava explodindo. Pegar algumas matérias estava tudo bem, estudar com ele todo dia, sozinha, na casa dele... Isso era muito. Até semana passada ele só era um objeto de meus sonhos e agora ele era um amigo próximo? As coisas não poderiam melhorar.
-- Então – continuou ele – podemos estudar pela tarde uns dois dias na semana. Você pode almoçar lá em casa mesmo. Depois eu te deixo em casa, tudo bem?
-- Certo, acho que sim. Você quer começar amanhã mesmo?
Ele se virou e encarou meus olhos.
-- Perfeito.

domingo, dezembro 13, 2009

Capítulo 1.

Mudei o texto, coloquei em primeira pessoa:
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Início

Domingo, o pior dia da semana.
Fato conhecido por qualquer pessoa. Normalmente você está cansado demais para acordar cedo por causa do sábado a noite, e não pode aproveitar até tarde pois tem que acordar cedo na segunda-feira. E esse era mais um dia para mim. Abri meu olhos e encarei a escuridão. Não podia dizer se era cedo ou tarde por causa das grossas cortinas na janela. “Já devem ser umas 10h”, pensei encarando o teto. Levantei e calcei minhas pantufas cor-de-rosa, puxei uma manta que estava sobre minha poltrona e me enrolei. Estava usando apenas uma blusa de propaganda com a logo da loja de meu pai. Esse era o meu pijama, já que a blusa de algodão era confortável e pensar em usar alguma outra coisa no calor de Salvador era, praticamente, impensável.
Com cara de poucos amigos, me arrastei até o banheiro para lavar o rosto. Minha noite de sábado não havia sido uma das mais promissoras. Minha super balada se resumiu a livros de física e litros de café. O problema é que não conseguia tirar da cabeça a tal da prova de Física I no dia seguinte, por causa disso, acabei por ir dormir muito tarde.
“Mãe do céu! Quem é você?” – Tudo o que consegui pensar no momento que encarei o espelho do banheiro. A imagem realmente não era inspiradora. Olheiras e um amontoado de cabelos vermelhos apontando para todos os lados.
“legal, sou o cruzamento de um leão com um panda, que sonho de consumo”
Ainda analisando os estragos da noite de estudos no espelho, meu irmão gêmeo (sem nenhuma noção de espaço) entrou no banheiro já fazendo uma bagunça.
− Que zorra é essa?! Quer me matar do coração? Liz, você está horrível! Parece o cruzamento mal feito de um panda com um leão! – Completou rindo.
− Rá rá... Eu mesma já tinha pensado nisso. Precisa melhorar suas piadas, cabeçudo.
− Que nada, minhas piadas ainda estão ótimas, você que não sabe apreciar as coisas bonitas da vida – disse já tirando o pijama e ficando de cueca.
− Hey! Eu não quero te ver pelado! E eu entrei primeiro aqui, o banheiro é meu por direito!
− Não gostou? Me processe. – E assim terminou mais uma de nossas discussões. Não querendo ficar traumatizada pelo resto da vida, sai do banheiro e voltei ao meu quarto. Lucas é muito diferente de mim. Voltei a me jogar na cama, joguei a manta de volta na poltrona e peguei meu celular para olhar as horas, acendi o visor.
7 horas.
“MAS QUE ZORRA É ESSA?!?! POR QUE ESTOU ACORDADA ÀS 7H DA MATINA EM UM DOMINGO? Era para eu ter desconfiado... Lucas TEM que acordar cedo hoje, já que prometeu para papai que ia buscar a vovó no aeroporto... Por que eu levantei mesmo??”
Sério, preferia mil vezes virar a noite estudando do que ter que levantar cedo, fora que, caso minha mãe descobrisse que já estava em pé, viria me buscar com várias atividades que levariam toda a manhã embora. Analisando minhas opções, tornei a puxar meu lençol e voltei a dormir.

Capítulo 1.

− Lisa? Lisa? Lisa? Lisa?
Definitivamente, acordar na base de cutucões não eram a melhor forma de melhorar meu humor. Mas eu já sabia quem era, são 10 anos sendo atormentada no dia de domingo pela mesma pessoa (desde que seus pais a deixaram sair para brincar comigo).
− Bom dia, Júlia. Se eu disser que várias palavras feias surgiram na minha mente, você vai embora? – Respondi sem abrir os olhos.
− Como se você não repetisse essa ameaça a o que? 10 anos?
− É por aí.
Sentei na cama e cocei os olhos, voltei a buscar o relógio para ter certeza de que meu humor não iria melhorar.
− Sério que ainda são 8 horas? Poxa, Jú! Você sabe que minha mãe vai encarnar para eu levar o bichano para a rua!
Bichano era o cachorro da família. Nada original no nome, mas uma gracinha de Beagle.
− Nada mais justo, ele é seu!
− Negativo... Se trata de uma guarda compartilhada. É meu E do Lucas. Só que sempre sobra para mim fazer isso. Já não basta durante a semana? É a obrigação dele pelo menos nos finais de semana.
− Tá, que seja, mas ele foi buscar sua avó no aeroporto. Vamos, tome um banho e desça, tenho algo que quero te contar...
Um pouco mais animada do que às 7 da manhã, voltei me arrastando para o banheiro enrolada na manta. Não adiantava encarar o espelho novamente, pois já sabia o estado que deveria estar. Tirei a roupa e ajustei a temperatura do chuveiro para frio. Entrei de vez para lavar o cabelo. Terminado o banho, fui tentar com uma força sobre-humana desembaraçar seu cabelo. Ele não era comprido, passava um palmo do ombro. O problema é que não era liso o suficiente para desembaraçar só no olhar, nem cacheado o suficiente para ficar bonito mesmo sem passar um pente nele. Ele não tinha forma, era ondulado e formava uns pequenos “dreads” nas pontas quando não desembaraçava direito.
“Devo estar uma bagunça” – pensei enquanto terminava de passar pela cabeça uma camiseta azul com a frase “I S2 physics” na frente. Nada criativa para uma caloura no curso de Física da Universidade Federal da Bahia, afinal, apenas pessoas que REALMENTE gostavam do tema se atreviam a fazer o curso. Me enfiando em uma bermuda jeans velha que, originalmente, era uma calça de meu irmão e calçando o já surrado, diga-se de passagem, All star, passei pela cozinha e carreguei a coleira de Bichano.
-- Não vai comer, Lisa?
-- Quando voltar, mãe.
Bichano saltitava em minhas pernas, as arranhando com suas unhas finas e dificultando o trabalho de passar a coleira pela sua cabeça.
-- Fica quieto, coisa!
Milagrosamente, o cachorro obedeceu e tudo ocorreu mais tranquilamente. Saí de casa com Bichano pulando em minha frente, indo em direção a rua.
-- Vamos Jú! Quero saber a história que tem para me contar... - gritei em quanto era arrastada pelo cachorro.
Moravamos em um condomínio fechado que mais parecia um interior planejado. Tinhamos todo o tipo de comércio ali: padarias, mercadinhos, lanchonetes, farmácias... Dava para passar muito tempo sem ter que ir até a "civilização". Naquela hora da manhã a rua encontrava-se praticamente vazia, apenas alguns corajosos que saíram para comprar pão ou o jornal, ou aqueles que, como nós, tinhamos que levar nossos cachorros para fazer suas necessidades. Andamos por uns 5 minutos e Júlia não abria a boca para falar. Dava para perceber que ela estava ansiosa para dizer, mas só se eu desse o braço a torcer primeiro.
--Vamos, Júlia! Libera logo o que você quer dizer... Para de ficar me enrolando...
-- Tá, mas promete que não vai ter um ataque ou coisas do tipo.
-- Tá, que seja..
--Diga que promete! – Insistiu a garota
-- Tá, prometo! Nossa...
-- Você que pediu - começou com um sorriso - Ontem teve a festa na casa do Renan, aquela que você fez o favor de me abandonar. por causa de uma prova de não-sei-o-que-chato. Por isso tive que ir sozinha. Enfim, chegando lá, fui procurar algum rosto amigo, só para não ficar muito deslocada. E me bati com advinha quem?
--Eu pedi sem enrolação...
--Certo, mas você está de mau humor hoje, hein? Sem falar que essa sua combinação de roupas está deprimente.
Nós eramos opostas em tudo. Enquanto eu sempre fui a CDF de óculos, estudante de física, alta, desengonçada, sem senso de moda, eterno mau humor e sem traquejo social, Júlia era a linda, morena estudante de comunicação social, antenada em todas as tendências e fofocas, que deslizava ao invés de andar e cercada de amigos. O engraçado é que já nos conhecemos sendo diferentes, mas mesmo assim ficamos inseparáveis. Tudo começou quando seus pais se mudaram para casa ao lado da minha. Eu estava brincando com meu irmão na rua de bolo de lama (jogávamos um no outro) e ela chegou, toda limpinha em um vestido branco enquanto Lucas e eu já estávamos de terra até a alma. Meu irmão, por força do sexo, provavelmente, não contente em me sujar, decidiu que a nova vizinha também deveria entrar no "bolo", por isso jogou uma mão cheia no vestido da garota. Por pena, eu bati nele e fui ajudá-la a se limpar. Ela estava com lágrimas nos olhos e, segundo conta nossas mães, eu abracei ela e disse
-- Fica triste não, quando lavar fica limpinho, eu prometo, viu?
Depois disso ela vinha todo dia em minha casa para brincarmos. Foi aí que eu aprendi a brincar de Barbie e ela a jogar bola. Depois disso, começamos a frequentar o mesmo colégio e não nos desgrudamos mas. Até para a universidade iamos juntas. Era uma amizade única, já que havia sobrevivido até os 18 anos.
--Júlia... – Insisti – Anda logo com a conversa, meu cabelo já está ficando branco...
-- Ok, Ok... Enfim, me bati com aquele seu “amigo” - disse, fazendo aspas com as mãos - o tal do Flávio, aquele totalmente-excepcionalmente-unicamente gostoso que pega umas matérias com você.
--Primeiro, ele não é meu amigo, nem meu “amigo” – disse, fazendo as mesmas aspas no ar – Ele é apenas um garoto que pega umas matérias comigo.
-- Tá, que seja, mas ele é gostoso e seu eu tivesse a oportunidade, agarraria ele sem pestanejar. Mas continuando., me bati com ele na festa e acabou me reconhecendo, claro que choquei, né? Você me apresentou a ele tem um século e ele se lembrou de mim.. Fiquei logo entusiasmada! CLARO que não pularia feito uma louca naqueles braços fortes, ou arrancaria uns beijos daquela boca rosada, mas se ele desse uma oportunidade... – disse, sonhadoramente, acordando logo em seguida – O que, de fato, não aconteceu. Só me reconheceu como sua amiga, fato histórico, diga-se de passagem, pois é muito mais natural o contrário. Porém o mais surpreendente não foi isso! Ele simplesmente virou para mim e perguntou onde VOCÊ estava e porque também não estava na festa! Daí eu contei que você estava em casa tentando ser uma pessoa melhor, estudando para a prova e tal,. Ele virou e falou: “poxa, que pena, queria que ela estivesse aqui” e saiu, me deixando lá pasma!
-- Era isso que queria me contar?
-- Era! – Respondeu quase gritando – Você não está feliz? Não está vendo quantas possibilidades???
-- Feliz pelo quê? Ele estuda comigo e eu sou uma pessoa relativamente legal de se conversar, não vejo porque me empolgar como se o cara estivesse loucamente apaixonado por mim ou coisas do tipo...
-- Você é uma chata, Elizabeth! Nossa... O cara está com uma queda por você e é assim que reage? Eu mal dormir esperando para contar a notícia!
-- Você pode ter mal dormido, mas não me use como desculpas para isso... alias, que horas você dormiu? Quando eu deitei, seu carro ainda não tinha chegado..
-- Isso não vem ao caso, apesar de que eu devo ter deitado umas 4h da manhã...
-- Sério? Como você consegue?? Você está com cara de quem dormiu durante uns três anos e está completamente relaxada! - Tentei mudar de assunto, sempre funcionava. Bastava elogia-la que logo esquecia qual era a discussão.
-- Ah! Eu durmo com uns saches de chá gelado no olho... EI! NÃO MUDE DE ASSUNTO!
-- Não estou mudando... - "Droga, ela percebeu"
-- Claro que está... ah... deixa pra lá, você é chata. Vamos voltar para casa, pois sua avó já deve estar aí e eu espero que carregada de doces... De qualquer forma, Bichano não tem mais o que tirar aí de dentro.
Depois de jogar no lixo todo resíduo gerado pelo cachorro, fomos em direção a minha casa. O grande Toyota Land Cruiser amarelo do Lucas já estava estacionado na porta. Eu não tinha carro. No período que passamos no vestibular, nossos pais pediram para que escolhêssemos: o dinheiro ou o carro. O meu "carro" está totalmente guardado em uma conta poupança.
-- Vai entrar, Jú?
-- Não... Depois vou aí dar um beijo na vó.
Abri a porta que dava para a sala e tirei a coleira de Bichano, que mal via a hora para beber os litros de água que tinha no seu pote no fundo da casa. Me dirigi para a cozinha, para lavar meu rosto e mãos e, só depois, e procurar minha vó.
-- Aqui está a minha princesinha! – Disse a senhora de aparência simpática. Baixinha e roliça, com cabelos brancos curtinhos e um grande sorriso no rosto.
--Vó!! Que saudade!
Corri e a abracei, ela mal alcançava meu ombro.
-- Como foi de viagem? Alias, como foi à vinda do aeroporto até aqui? Lucas dirige como um louco!
--Não diga isso, meu anjinho foi super prudente me trazendo.
--É isso mesmo, e dirijo super bem, sua cabeçuda. – Retrucou o garoto entrando pela porta da cozinha – Vó, ela não perde a chance de me atazanar!
-- Deixem disso garotos. Vocês são irmãos, não briguem.
-- Sim vovó – dissemos em coro.
Bastou que vovó virasse para eu enfiar a mão na cabeça dele. Segurando o grito, ele virou-se para mim.
-- AU! – disse apenas fazendo o movimento dos lábios..
Alguns segundos depois, vovó retornou a cozinha com meus pais no seu encalço.
-- E então, vamos tomar café da manhã juntos ou não?
-- Mas já são 10:30, mãe – disse papai olhando para o relógio em cima da geladeira.
-- Não importa, quero tomar café da manhã com todos, o almoço pode atrasar.
Cada um escolheu uma cadeira naquele arejado cômodo e tomaram café felizes da vida.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Eu não sou uma amiga ruim.

Posso não ser das melhores, mas sempre estou para aqueles que precisam de mim. Sou "meio" meiguinha, compreensíva e ótima ouvinte, mas não tenho vivência o suficiente para dar conselhos.

Posso falar sobre senso comum, sobre verdades conhecidas e até citar grandes pensadores em momentos de crises. Mas quando uma amiga vira e me pergunta coisas sobre relacionamentos, eu vou perder o chão.

Desde sempre, todos aqueles que conviveram comigo souberam que eu era assim, mas sempre caía nesse tipo de tópico.

Até então, nada de grave aconteceu: utilizei frases de efeito e falei sobre o que o mundo acha correto. Até hoje.

Inocentemente sentada em minha cama, com o laptop no colo e sem nada para fazer, entrei no msn e comecei a conversar com uma das garotas que considero "melhores amigas". Sempre conversamos sobre a vida dela (a minha nunca tem nada mesmo) e essa noite não seria diferente.

Realmente gosto de falar sobre como as coisas estão na vida dela (já disse: sou ótima ouvinte).

Enfim, o tema de hoje não foi diferente no conteúdo, mas chega um certo ponto que não se tem o que falar e, quando cheguei aí, meu verbo desparou.

Primeiro que ela começou perguntando se eu poderia ajudá-la. Claro que sim - respondi, mas o que vinha em seguida me fez pensar melhor.

Ela está com problemas com o namorado/não namorado e me pediu conselhos, não sabe se quer firma e coisas do tipo.

Eu tenho minha opinião formada a muito tempo, porém não queria magoá-la. Deixei o papo rolar, perguntei se ela realmente gostava dele e se a opinião alheia importava...

Mas chega um momento que cansa... e eu tive que falar...

E isso não está me fazendo bem...

já fiquei triste, e repensei minha vida (olha porque não gosto de falar sobre essas coisas: sempre vejo como minha vida é medíocre)

Enfim... precisava escrever

peace

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Férias

Não, não é o livro da Marian Keyes...

É, provavelmente, meu status na faculdade (tudo depende de uma única matéria - Química Analítica)...
Enfim, ontem foi minha (provavel) última prova e aconteceram coisas inacreditáveis nela.
É bastante óbvio para quem me conhece que sou uma pessoa tapada, do tipo que não pesca. Sempre proferi a frase: "prefiro tirar meu zero com orgulho do que um 10 sem saber nada", mas a realidade é que nunca pesquei por medo. MUITO MEDO. Covarde de carteirinha que sou, sempre tive um pé atrás para esse tipo de coisa ilícita.
Mas enfim, ontem me libertei!


Narrativa by eu mesma:
Era uma terça-feira, última prova do semestre. Toda uma classe de estudantes de cabeça baixa sobre folhas soltas de caderno tentando resolver questões impossíveis para entregarem ao professor ao final da prova valendo ponto. A matéria? Fenômeno dos Trasnportes, conhecida por tirar o sono das pessoas mais tranquilas. O assunto? Alguma coisa muito complicada e que 90% dos alunos nem sabia para onde corria e os 10% que sabiam de algo, na verdade apenas decoraram o que o professor havia passado em sala de aula.
Foi nesse contexto que aquela garota entrou na sala. Conhecida por sua ansiedade, entrou parecendo outra pessoa. Ao invés de estar preocupada, chegou sorridente. Ao indagarem o motivo, ela prontamente respondia:
-- O que vier, é lucro!
Algum E.T. abduziu aquela garota e a trocou por esse modelo? Bem, para aqueles que acreditam nessa teoria, até que tem lógica. Mas a verdade é que ela tinha passado uma tarde cheia e, ao final desta, ouviu sábios conselhos de sua chefe.
Mais cedo, naquele dia...
A garota de alcunha Karen (apenas para familiares), depois de suas obrigações como estagiária, foi conversar com sua chefe que contava como era no seu tempo de faculdade e de todos os métodos que utilizava para passar e pegar "pescas". Nunca tendo sido adepta da arte, a garota escutou atentamente todas as informações.
Voltando para a sala...
Karen não foi a prova com a intenção de colar, mas estava mais tranquila, o que ela não sabia, podia conseguir.

O professor entrou na sala, todos foram para seus lugares. Ele era conhecido por ser "mangueado" (mas isso é para uma outra história). Entregou as provas para cada um e passou as folhas de rascunho para trás e foi aí que aconteceu o estalo!
"pegue duas folhas de rascunho, garota!"
Sua consciência falou, ela obedeceu.
Ao olhar a prova, viu que não tinha nada impossível nela. Se acalmou e respondeu ambas as questões. Não tinha certeza do conteúdo, mas algo dizia que ela havia se dado bem.
Com a segunda folha de rascunho, anotou todas as questões, passo a passo, e passou para a frente, sem medo de ser feliz.
Ao sair da prova, a garota ouviu inúmeros "Obrigado" de pessoas que ela nem sabia o nome.
Para tudo na vida a uma primeira vez. Até para pescar...
Que sentimento ótimo!

sexta-feira, outubro 16, 2009

Dando valor ao nome do blog...

SÁBADO
Início de fim de semana prolongado, sonho de consumo de qualquer baiano que tem a pretensão de se jogar pelo mundo e ir a uma praia um pouco mais longe... Foi aí que começou o meu suplício... Na verdade não foi um suplício, mas aturar loja de departamentos em uma data minimamente próxima ao dia das crianças é escrever com tinta permanente no meio da testa SOU IDIOTA.

Até hoje tenho essa marca.

Inventei de, esse ano, ser uma prima super legal.

Ano passado, nesse mesmo período, eu ainda não tinha recebido o meu primeiro salário, o que não me permitiu comprar presente para o que seria o único "pitinininhu" da família (palavras de minha vó). Porém, esse ano, com o acréscimo de mais um ser no meu âmbito familiar (atuais sete meses de pura sem vergonhísse e dengo) mais o que já tinha (seis anos e uma língua afiada), me senti na responsabilidade de comprar algo legal para ambos.

Em princípio pensei em algo simples, um boneco e um mordedor, só que aí entraram minhas tias e mãe que também queriam comprar algo e, aproveitando o meu ensejo, dividir o presente. Sendo assim, o boneco se transformou em um laptop infantil da Ferrari com 24 atividades e o mordedor em um kit praia, com baldezinho, pázinha e trilhões de "inhos" e "inhas" dentro. Encontrar o presente foi fácil, difícil foi pagar.

Eu até ia proteger a integridade da loja, mais...

"what the hell..."

A Americanas estava insanamente insana. LOTADO seria um estado anterior ao que eu encontrei. Todas as leis da física já haviam caído por terra no momento que eu adentrei na loja do Iguatemi, às 11h30min da manhã (estou dando o endereço para que não caiam na mesma pegadinha que eu). Acredito até que vi alguém flutuando dentro da loja e a história de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço foi derrubada em questões de segundos. Acho que já provei meu ponto.

Só de olhar para a fila, eu desanimei, mas como eu estava convicta de que tinha de ser uma boa prima, me joguei... Com manobras dignas de um piloto de qualquer esporte radical, me enfiei entre mães histéricas e filhos estressados (ou seria o contrário?) e consegui capturar os dois exemplares que fui comprar. Cheguei à fila às 12h10min.

As 12h50min ainda estava lá (sim, é verdade), a fome já tomava conta do meu ser, o bom humor e o pensamento de ser uma prima legal já estavam dizendo adeus e então, em um último suspiro, minha boa vontade fugiu, e eu fui junto.

Larguei tudo por lá, dei uns xingamentos básicos (que não são do meu feitio) e fui almoçar. Me arrependi uns 5 segundos depois, mas já era tarde. Pensei melhor na situação: a praça de alimentação não estaria melhor.

Grana curta, vamos para onde? Habbib's, é óbvio!

Três bibsfirras de queijo, por favor? E uma Sprite? Obrigada!

Vamos comer em pé? Provavelmente... Opa! Alguém levantou ali!

Lá vou eu e minha bandeja correndo em direção daquele tão precioso lugar... E consegui! Almocei e levantei, pensando o que faria em seguida...

Meu plano era comprar os presentes e eu ainda ia fazer isso... Só não sabia onde...

Fui passear, comprei um vestido (lindo) e passei na ponto frio e...

LÁ ESTAVA

A coisa mais linda do mundo...

Um laptop vermelho da Dell, do jeitinho que eu queria, com a configuração que eu queria e com o preço que eu queria.

Não perdi a oportunidade e comprei.

Depois disso, me surgiu outro momento "what the hell..." e decidi me jogar nas lojas Americanas novamente (isso, sem falar que já eram 16h30min, aproximadamente). Mas, acompanhado desse momento, me surgiu uma idéia... Eu poderia passar tudo na parte de eletrodomésticos, bastaria comprar qualquer coisa e, como estava precisando de um secador (amigo de qualquer garota), poderia juntar o útil ao agradável e superfaturar os brinquedos.

Eu sou um gênio!

Fui lá e, depois do mesmo transtorno para alcançar as prateleiras sem esmagar nenhum pentelho no caminho, consegui entrar na fila munida de brinquedos e secador. A fila que duraria umas 3h, caiu para 30min e consegui sair com vida daquele "inferno na terra".

Cheguei em casa eram 20h (sempre podemos contar com um engarrafamento caloroso e silencioso - sarcasmo - na região), claro que atrasada para o aniversário da filhinha de uma amiga/colega de trabalho, fiquei super triste por não ir, mas estava super cansada e chegaria atrasada... Então fui testar o MEU laptop.

DOMINGO

Já dizia um pagode aqui de Salvador (não que eu escute isso, mas eu tenho vizinhos!): Domingo de manhã, o sol me chamou, para dar um “role” nas praias de Salvador...

Sinto informar, mais isso é LOROTA!

Domingo caiu foi um pé d’água retado (tradução: choveu muito). Meu plano de ir à praia e, em seguida, ir à reunião do clube do livro foi lavado por ela...

Para piorar: ataque surpresa da minha alergia! Não tão surpresa, pois ela entra em MODE ON com a mudança brusca do tempo e o sol de sábado com a chuva de domingo foi um belo botão de START. Sem ter o que fazer e com uma prova na terça, fiz o que tinha que fazer: fui assistir um filme (pensou que eu ia dizer estudar? Tá louco?). E assim foi meu domingo.

Já na...

SEGUNDA-FEIRA

Dia das Crianças! Y-U-P-I!

Dor de cabeça! Y-U-P-I [2]!

Prometi cinema para meu primo de seis anos! Y-U-P-I [3]!

Não poderia dizer que não ia. Ele nunca havia ido ao cinema, ele mora no interior e não seria eu a culpada por destruir o dia dele. Então me abalei para o Aeroclube, crente e abalando que estaria vazio e que chegaríamos, compraríamos os bilhetes, as pipocas e entraríamos na primeira sala exibindo filme infantil. Ledo engano: Fila no bilhete, fila na pipoca, fila para entrar e eu, uma jovem garota, sem namorado, sozinha no mundo, com o primo de seis anos (que graças a Deus é educado) e com um pacote de pipoca e dois refrigerantes, fiquei ali... Esperando.

Aposto que pensaram que era meu filho, um fato: não seria a primeira vez (quando ele tinha um ano, saí com ele e uma senhora virou para mim e perguntou se era meu... momentos hilários em minha vida).

O filme foi super e ver meu primo com os olhos brilhando, não teve preço. Caí no erro de prometer ir novamente mês que vêm (sou uma burra, nunca aprendo), da próxima, vou arrastar alguém para ir comigo.

O fato é que me senti na propaganda da Mastercard:

Cinema com o primo: 17 reais

Pipoca com refrigerante: 20,50 reais

Seu priminho ir ao cinema pela primeira vez e seus olhinhos brilharem: não tem preço


É, acho que sou meio besta mesmo... Mais uma besta feliz

PAZ

sexta-feira, outubro 09, 2009

Mais um post sem sentido parte 100000

Bem, minha vida tem caminhado...

A passo de tartaruga!
Mas tudo bem, nada que o dia de amanhã não resolva (ou meu novo vício não iluda).
A verdade é que mal posso esperar para chegar em casa. Estou cansada (de não fazer nada) e estressada... E o pior que eu SEI qual é a solução para o meu stress, mas não vale a pena comentar aqui no blog, pois é um tanto quanto ridículo.
Quero chegar em casa, ligar o computador e virar a noite assistindo The big Bang Theory e os capítulos mais recentes de House, Grey's Anatomy e Glee...

Mas continuando a minha trágica história (teoricamente baseada em uma novela mexicana, pelo menos é o que me parece)...

Bem, novamente percebi a minha tendência a inveja. Odeio ser mesquinha e egoísta, mas eu também tenho certos desejos!
A história é a seguinte: Todas as minhas amigas estão enroladas com alguém. FATO.
E eu, na condição de amiga, estou super-ultra-mega-hiper-feliz por elas. Mas, mesmo assim, torno a me perguntar: Por que eu também não consigo isso?
É por que saio pouco? Pode ser.
É por que tenho baixa auto-estima? Provavelmente.
É por que me obrigo a ficar pensando nisso? Definitivamente!

Eu tenho tantas coisas boas em minha vida e sou grata a todas elas, mas aí surge essa necessidade (ridícula de minha parte, diga-se de passagem) de ser notada por outra pessoa.
A partir daí minha cabeça não para mais: começo a me achar feia, a me achar burra, a me achar a pior pessoa do mundo.
Depois de um tempo decido que não quero mais ficar assim e me desligo do assunto por um tempo (tempo esse que eu costumo ficar reclusa da sociedade, mas que ninguém percebe - normal).
Uma pessoa que lê isso deve pensar que nesses momentos em que me desligo dessas coisas banais eu devo encontrar muitas coisas interessantes para fazer e pessoa legais. Ledo engano.

Minha vida está a passo de tartaruga...
Mas queixo para cima, certo?
Vamos ver no que dá...
À noite eu posto outro texto menos depressivo ou depreciativo.
Mas tente escrever algo que não seja uma analise da própria vida quando você está no trabalho e o setor está vazio e o computador não entra no MSN?
Mente vazia, moradia do diabo (ou qualquer outro ditado que minha usualmente repete para mim)

Peace

quinta-feira, outubro 01, 2009

Sob Medida

Bem, decidi postar um diário fictício criado por mim. É o diário de uma garota de 25 anos chamada Eliza, mas conhecida por Liz. Na estória tem partes reais e outras imaginárias (a maior parte), vou colocar o primeiro post agora, espero que gostem.

Liu Teixeira
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Quando se é criança, isso é, antes de entrar na puberdade, aquela fase onde nada é legal, tudo parece ser simples. O fato de você ser o maior da sala, ou o mais redondinho não faz a menor diferença.

Pois é, eu era feliz e não sabia.

O fato é que essas crianças crescem e, por você ser diferente, acaba sendo taxado como “estranho”, assumindo assim milhões de apelidos totalmente perjorativos ou, como no meu caso, ter que ouvir no meio da rua, pelo irmão mais velho de sua amiga, aquela frase cruel: “Menina, você é feia!”. Sim, isso aconteceu.

E assim cresci. Dos 13 aos 25 anos como uma garota “estranha” assumida (bem, não tão assumida, nunca faria isso em público, mas basta olhar para perceber), mas enfim...
GENTE! Como sou mal educada! Nem se quer me dei o trabalho de me apresentar...
Bem, meu nome é Eliza Alves, herdei o nome de minha bisavó que eu nunca conheci e que minha mãe não gostava, mas que minha falecida avó era fã. Vencida a batalha, ganhei o nome. Como já informei, tenho 25 anos, aquariana (viva!), 1,75 m de altura e, bem, 90kg. Sim, sou alta, peso pesado e, para completar o jogo, completamente desengonçada. Mas nem se preocupe, não estou aqui para chorar minhas mágoas...

MENTIRA!

Claro que estou aqui para chorar minhas mágoas! Se não, isso não seria o meu blog!

Além do mais, onde eu o faria?

Tá, continuando minha apresentação. Sou filha única de pais separados. Atualmente minha mãe está em Minas Gerais com o novo marido dela (o qual eu sou super fã, ele é extremamente simpático, mamys deu sorte), já meu pai está envolvido em campanhas humanitárias na África, que eu acho o máximo (e é ótimo para se comentar em uma conversa). Sou formada em letras, mas trabalho, quer dizer, faço “bicos” escrevendo pequenas matérias para sites de vários lugares do Brasil, apesar de morar em Salvador, uma terra onde (quase) nada acontece. Não é um grande trabalho nem nada, mas paga as contas e serve para juntar um pouco para eu realizar meu grande sonho de ir morar na Europa, mais especificamente, em Londres.

Eu moro sozinha em apartamento que meu pai me deu de presente, ele é super pequeno, mas dá pra viver bem, afinal, ninguém nunca vem aqui (a não ser umas amigas minhas, para assistirmos filmes e comermos pipoca). Fora que fica bem localizado, próximo a praia, em um condomínio de apartamentos onde todos me conhecem de pequena.

Já descrevi um aspecto da minha vida, agora o outro... Se minha vida amorosa fosse um filme, ele não passaria dos créditos iniciais. Sei que parece exagero, mas juro que não é. Realmente não tenho sorte com o sexo oposto.

Estou, literalmente, encalhada.

Condição atual: zero namorados

Bem... Sei que a forma como iniciei esse texto foi um tanto quanto estranha (pra não dizer incomum ou aloprada), mas é que eu tenho essa tendência de dramatizar as coisas. Quando pequena, minha mãe sempre me chamava de rainha do drama e que a televisão estava perdendo uma grande atriz. A questão é que comecei falando de pessoas que são excluídas e tal, e eu não era uma “excluída” (apesar do incidente com o irmão de minha amiga, eu até que tinha uma quantidade significativa de amigos), acho que é o meu humor, não sou do tipo que deixo que me vejam triste, normalmente sou aquela que dá conselhos (apesar de não seguir muitos dos que eu digo). Nunca fui a mais bonita, a mais legal ou a mais inteligente, esses postos eram ocupados (acreditem) por minhas melhores amigas, não era de me importar muito, mas essa condição de coadjuvante continua a me seguir.

A questão é que devo ser traumatizada por:

• Nunca ter recebido uma cartinha se quer de um garoto se declarando;
• Ter medo do Correio elegante (algo que eu passei a abominar) e;
• Aos 14 anos eu já odiar o dia dos namorados.

Quando terminei o colégio, logo pensei “é agora que o jogo vai mudar” e, bem, realmente mudou. Foi nesse tempo que minha mãe se casou e se mudou e, por minha família ser bem reduzida (sem primos, primas tios, avós... nada), fiquei sozinha aqui em Salvador, para terminar a minha faculdade. Fora essa mudança, continuei sendo a gordinha-engraçada-amiga-de-todos.

Mas olha eu dramatizando novamente! Minha vida não ficou completamente estagnada. No meu 3º semestre da faculdade eu, uma jovem de 18 anos, conheci o Pablo, um belo chileno de 1.80m, aluno do intercâmbio. Aparentemente, ele gostou de mim pois, desde que nos conhecemos, começamos a nos... hum... relacionarmos. Pena que o intercâmbio dele apenas durou mais 3 meses. O que vale é o que Vinícius de Moraes uma vez escreveu “Mas que seja infinito enquanto dure” e garanto: foi. Digamos que eu quase repeti o semestre (que eu iria refazer comum sorriso estampado no rosto). Mas ele foi embora e eu passei nas matérias. Atualmente somos bons amigos e nos enviamos cartões em datas especiais. Ele amadureceu por lá, casou e tem uma filha linda de 5 anos que me chama de tia quando nos falamos pela webcam.

E assim acaba a minha história de amor. Eu fico imaginando que, por causa disso, eu deveria ser uma pessoa amargurada e rabugenta, criando 14 zilhões de gatos e
espantando criancinhas com uma vassoura.

- saiam seus moleques emprestáveis!

Era isso que eu deveria estar dizendo, e não distribuindo doces ou dando livros de presente (pois é exatamente isso que eu faço, acabei criando um dia especial da semana onde leio para os menores, sou super popular com eles aqui no condomínio).
Bem, acho que para uma apresentação basta, não é?

Espero poder escrever logo por aqui.

Beijos
Eliza Alves
Jornalista Freelancer

terça-feira, setembro 22, 2009

Vampiresco

Era noite de todos os santos em Lyon no ano de 1720. Se tratava de uma cidade já bastante próspera, graças ao comércio. Porém muitas famílias que residiam no entorno da cidade eram tão antigas e abastardas que ninguém sabia ao certo de onde vinha a riqueza destas. A família Lefèvre era uma dessas, onde a riqueza e o domínio de terras era impensável para uma pessoa comum, porém, com a morte do Marquês de Lefèvre, seu filho, Louis, na tenra idade de 17 anos, assumiu o comando de todo patrimônio acumulado através dos séculos, porém, para o garoto, o fardo era muito grande. Acostumado a uma vida mimada e sem preocupações, ao carregar o peso da família nas costas, mas a sua irmã caçula para criar, fez com que endurecesse muito cedo.
Já haviam se passado 5 anos desde o falecimento do seu pai e o garoto ainda não se adaptara a ser o dono do próprio nariz. Louis se encontrava bêbado, caído próximo a uma estátua. Não se lembrava como tinha chegado até aquele lugar, apenas que tinha saído para beber mais cedo sozinho, para tentar curar os seus problemas de solidão constante. O problema é que ele não se lembrava de já ter estado naquele local, mas a vontade de estar ali não o abandonava. Muito menos a de tirar a própria vida, e ele não sabia o porquê dessa vontade. Quando, de repente, começou a ouvir o farfalhar de uma capa.
-- Quem está aí? - gritava Louis -- Não ouse se aproximar!
Então ouviu uma risada horripilante.
-- Por que pergunta? Você está aí, esperando pela morte e, quando ela chega, se assusta?
--Eu... Como assim esperando pela morte? Pelo que sei, não estou esperando ninguém, muito menos alguém que se denomine como "a morte"!
-- Louis, Louis, Louis... Por que insiste em negar que estava me esperando?
Louis apertou sua visão, para tentar dar alguma lógica as imagens deformadas que se formavam diante de si causadas pelo abuso de álcool. Estava tudo fora de foco mas, mesmo assim, ele não conseguia determinar de que lado vinha a voz. Nem sua visão, nem sua audição estavam a fim de cooperar.
-- Saia daqui, seu monstro!
-- Você não é o primeiro a me chamar de monstro e, acredito, não será o último. Além do mais, não foi um dos mais criativos... Já fui chamado de tantas coisas... Mais isso não vem ao caso.
O estranho ser parou de falar, Louis procurava em todas as direções para vê se conseguia notar algum movimento, mais a som parecia estar vindo de todos os lugares, então a voz continuou:
-- Eu te trago duas opções... Bem louváveis, por sinal – pigarreou, como se dando uma maior importância ao que ia falar -- Primeiro: a morte. Você tanto a procura, mesmo que inconscientemente, que resolvi trazê-la para ti. Seria uma espécie de presente, pense assim... Uma libertação.
Louis arregalou os olhos, ainda não sabia de onde vinha a voz, mais o pavor tomava conta de cada célula do seu ser. Ele não conseguia se mexer, o pânico era o controlador de seu sistema nervoso que, ao invés de gritar e se rebelar saindo correndo, escolheu por ficar paralisado e silencioso.
-- A segunda opção - continuou a voz - Não é menos importante que a primeira e seria benéfico para nós dois, eu te daria algo em troca de um... favor. Agora que já dei as opções, sinta-se livre para escolher...
-- Escolher? Mas do que está falando?! - disse Louis acordando do seu torpor. Ficou de pé e começou a procurar em todas as direções -- Quem foi que disse que eu quero morrer? Eu... eu... eu só posso estar imaginando essa conversa! É isso, estou muito bêbado... Essa é a única explicação!
Novamente ouviu aquela risada ensurdecedora.
-- Quem sabe, não é verdade? De qualquer forma...
A voz não terminou a frase. Quando, então, Louis sentiu um forte abraço por trás, mas não conseguiu ver o rosto de quem o segurava, ele se sentia preso em um pesadelo, recheado por um turbilhão de cores. O abraço foi se apertando até que ele sentiu o que parecia, a princípio, um beijo em seu pescoço, mas então o beijo se transformou em uma mordida. Era como se a vida estivesse sendo drenada através daquele beijo maldito.
Seus pés já não tocavam o chão.
Ao que parecia ser sua última gota de vida sendo drenada, quando começou a perder o foco por completo das coisas que o rodeavam, o abraço se afroxou e ele caiu. O ser começou a se afastar, então falou, bem distante de Louis, mas parecendo um sussurro.
-- Nos encontraremos em breve.

sábado, setembro 19, 2009

Um dia para e história...

Por volta de Maio (quando minha tia se casou), eu conheci uma garota ímpar: super legal e fanática por livros. Logo desenvolvemos uma amizade que se baseou em troca de e-mails e informações sobre livros e faculdades (ela também faz Engenharia - mas já passeou por várias partes do conhecimento humano). O fato é que essa garota me apresentou a um novo tipo de literatura e, desde então, me viciei.

Para quem não me conhece, tenho um certo TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), quando começo a ler algo, não consigo parar (só quando está muito chato!), isso se aplica a bandas, séries e filmes também. Com esse novo tipo de literatura na mente, sai em busca de algum lugar onde pessoas também tivessem esse mesmo interesse.

Foi assim que eu conheci essas garotas MARAVILHOSAS que eu passei a tarde hoje. Procurei, na época, um clube do livro e esse interesse em comum que tornou o grupo tão forte. Lembro que, quando cheguei na comunidade (tudo foi feito via Orkut), apenas tinham umas 5 garotas, hoje já são mais de 20!

Já até contei como foi o primeiro encontro...

Enfim, o dia de hoje...

Durante toda a semana eu passei com um único pensamente: "Sábado Meg Cabot vai estar aqui em Salvador e eu TENHO que ir!", mas como a vida universitária tem seus altos e baixos (muitos e muitos baixos), ficou marcado para hoje uma visita técnica para uma reserva ambiental. Na minha cabeça, várias coisas aconteceram, incluindo planos mirabolantes de ir e voltar, de alguma forma, antes do horário da abertura do shopping (o que, obviamente, é impraticável), mas fato é que me corroi durante todos os dias, pensando em Meg e em como eu queria apenas o seu autógrafo. Até ontem estava tudo certo: iriamos para Sapiranga e ponto. Mas daí começaram as desistência, foi um aqui, outro acolá, eu meio doente... E a ida foi cancelada! Não vou dizer que fiquei feliz e coisa e tal, mas não me descabelei de tristeza com o cancelamento.

Hoje foi um dia atípico, acordei cedo (isso eu já faço normalmente) e me arrumei, só esperando minha mãe que havia saido e levado o meu cartão (estou sem um tostão furado no bolso). Quando deu umas 9h da manhã, me liga a mesma garota que me fez viciar em Meg e afins me perguntando onde eu estava... Eu, toda pronta, na expectativa de, a qualquer momento, minha amada mãe entrar pela porta e eu sair no seu vácuo. Não demorou muito e lá fui eu, vestida com meu vestidinho de gola polo (me apaixonei por ele) e com uma sandália que prometia não machucar meus sensíveis pés (mais tarde ela se provou uma tremenda tráira).
Para a minha surpresa, ao chegar na Saraiva, encontrei com a criadora do clube (do livro, supracitado) e já estávamos nos juntando quando minha amiga me ligou, acabamos juntando todo mundo (o que se provou PERFEITO).

A união em pró de um fator comum (Meg Cabot), foi fantástica! Conhecemos novas pessoas, fizemos maluquices, contamos nossas vidas, colocamos tiaras de princesas, tiramos fotos com essas tiaras... Tudo o que era possível. Minha percata quebrou, comprei uma havaiana (que eu não vou contar para minha mãe o valor real, não precisamos matar a velhinha assim, né?), comi McDonalds (eu nem lembrava mais o sabor! Sério, a anos eu não comia um bigmac...)... E, claro, tiramos trocentas fotos com livros, fazendo careta ou o que viesse na mente...

Ainda estou um tanto quanto deslumbrada, pois não foi só o fato de ter ido ver a Meg (que foi suuuuuuuuuuper simpática), mas também de me entrosar com pessoas tão diferentes de mim, mas extremamente divertidas!

Estou nas nuvens!
Go Meg!
Escreve mais 50!

a foto:

Paz

quinta-feira, setembro 10, 2009

Mas um post sem compromisso com o PT ou qualquer outra coisa...

Não sei porque comecei a escrever, apenas senti essa vontade indescritível dentro de mim de abrir o que nem eu consigo entender. Sou uma pessoa facilmente manipulável por livros, filmes, pessoas... Já havia escrito isso antes, mas torno a reforçar. Hoje assisti a dois filmes que fizeram com que eu voltasse a me questionar: "o que eu quero da vida? O que eu tenho feito para isso?", essas foram as perguntas mais fáceis que me fiz. Não entrei no campo das perguntas generalistas como "por que o ser humano está aqui?" nem nada do tipo, mas a minha indagação interna foi forte e, novamente, não foi conclusivo.

Vira e mexe estou me questionando. Meus atos e atitudes, forma de encarar a vida, forma de encarar as pessoas, forma de me encarar. As vezes me surpreendo pensando que não sou uma boa amiga e que por isso as pessoas não confiam em mim. Esses momentos de questionamentos costumam durar bastante. Porém eu também tenho momentos que agradeço por ter tantos amigos.

Eu não disse que era simples.

O fato é que as vezes acho que minha atitude não é honesta. Mas eu não sei como ser de outra forma, como se alguém que quisesse fazer a diferença vivesse dentro do corpo de um ser completamente inoperante. Não estou dizendo que sou falsa ou coisas do tipo, mas tem horas que não gostaria de estar no meu corpo. As outras horas que não passo pensando nisso são os momentos que estou entrertida com outras coisas: livros, filmes, músicas, roupas, estudo... Graças a Deus tenho um gosto variado!

É tão difícil falar de mim mesma! Acho que já escrevi uns 100 textos dizendo as mesmas coisas, as mesmas indagações do início do post. Mas nunca chego a lugar nenhum. Creio que o relógio gira para todos, menos para mim. Estou parada na mesma posição a tanto tempo que acho que não saberia o que fazer se algo extraordinário acontecesse. Deve ser por isso que leio tanto romance, estou em busca de um sentido maior... mas está tão difícil...

Horas gostaria de ser como a Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito), mas normalmente estou mais para a Emma Corrigan (O Segredo de Emma Corrigan) no início da história: a espera de uma mudança que está ali, logo na esquina.

Não vou finalizar esse texto, pois provavelmente escreverei outro com o mesmo conteúdo dentro de alguns dias (quando eu voltar a me sentir essa m%¨$¨$#), também não vou me despedir, pois é deixando o espaço aberto que eu vou escrevendo a minha história...

O que se aprende no ambiente de trabalho?

A algum tempo venho percebendo que a resposta para essa pergunta é bastante curta e, mesmo assim, complexa. TUDO, isso é o que se aprende.

Quando comecei meu estágio (por volta de um ano atrás), tive medo. Nunca tinha feito nada na minha vida, sempre dependi do dinheiro de minha mãe e, por isso, acabei desenvolvendo outros segmentos da minha. De fato, virei uma caseira convicta, pois minha mãe não tinha condições de sustentar uma casa, minha faculdade e todo o resto apenas com o seu mínimo salário (pois eu fui egosísta ao ponto de não cursar uma federal por causa do curso: hoje eu tenho consciência disso e não me orgulho em nada, mas algumas pessoas não nasceram para cursar Economia =/).

O fato é que entre em um setor onde o que eu fazia era, basicamente, educação ambiental. Como era a minha primeira experiência, é CLARO que tremia nas bases só de pensar em errar e uma das minhas características principais é a insegurança, e viver em um novo ambiente para mim foi um tanto aterrorizador.

E essa foi a primeira coisa que eu aprendi. Não a insegurança, que ela já me persegue a alguns anos, mas o fato de ser atenciosa, prestar atenção nos detalhes.

Durante 6 meses continuei nesse local e aprendi outras coisas interessantes como, por exemplo, a conviver com pessoas diferentes de mim. Eramos 5 estagiárias: 4 biólogas e eu, de engenharia ambiental, por aí já dá pra perceber que era uma zoação com a minha cara, por ser a diferente, fora que as minhas 3 superiores também eram biólogas. Era extremamente divertido e acabamos criando uma rotina do lanche das 5 da tarde.

Aprendi o que é trabalho de equipe e trabalho com o público. Esse último eu já tinha uma base de quando fiz trabalho voluntário, mas valeu para reforçar. Fora que ter o MEU salário no final de cada mês mudou completamente a minha perspectiva.

Bem, como já disse, meu problema É a insegurança. Depois desses 6 meses fui transferida de setor e, novamente, o pânico veio. Dessa vez eu iria estagiar com Engenheiras Ambientais, ou seja, olha a perna tremendo novamente! Sempre começo achando que não sei nada, que vão me pedir para fazer trabalhos hercúleos ou coisas do tipo. Mas não. Encontrei um ambiente super agradável, onde a Engenheira responsável pelo meu estágio (a outra já foi embora) é engraçada e não é parecida com aquelas que se vê na televisão (bruxas e coisas relacionadas), na verdade até que nos damos bem, com direito a rotina: todo dia, as 16h, tomamos chá com biscoitos. Comecei a perceber que, onde eu vou, acabo criando uma rotina xD.

Mas essa não é a única coisa que me agrada por aqui. Sei que o salário que me pagam não é muito (na verdade, é uma merréca), mas o que eu me divirto não está no gibi! Certo dia, veio uma moça de um outro setor que vendia produtos... calientes, se assim pode-se chamar. O fato é que as mulheres do setor ficaram super empolgadas para ver os produtos na "maleta rosa". Eu, na condição de virgem, inocente, pura e besta, não pude deixar de dar muitas risadas. A sorte é que a sala (que é enorme e povoada por umas 100000 pessoas) é quase que, exclusivamente, habitada por mulheres, entre arquitetas e engenheiras. Os (poucos) homens existentes ficam localizados em uma parte da sala, todos aglomerados. A história toda foi muito engraçada e ainda teve o momento delas comentarem as experiências,o que, segundo algumas, seria bom para mim, para que eu aprendesse. Bom, vejamos, talvez um dia eu utilize de alguma forma.

Outras coisas costumam acontecer por aqui. Sempre discutimos livros e filmes, aqui eu posso comentar os livros que eu leio com pessoas que também gostam de ler. Não que não encontre isso em outros ambientes, pois até já entrei em um clube do livro, mas aqui é diferente, minha opinião é vista como interessante (apesar da minha pouca idade).

Antes que comecem as interrogações, eu aprendo muito da minha área aqui, a parte de licenciamento ambiental não é tão chata quanto as aulas na faculdade me pareciam. Mas, mesmo que não estivesse aprendendo nada, já iria valer a pena. Sempre vive em um meio de pessoas relativamente iguais a mim. Não quero dizer que eramos máquinas, ou coisas do tipo, mas pertenço a um grupo que, basicamente, cresceu junto. Outro ponto é que cresci em um meio muito fechado (escola/casa ou faculdade/casa), essa mudança de ares me serviu para abrir os olhos (e a cabeça) para várias coisas. Inclusive na minha forma de enxergar o mundo a minha volta e a mim mesma.

O que quero dizer é que o que se aprende no ambiente de trabalho é sobre estar cercada por pessoas diferentes, cativantes, com tantas experiências diferentes e tentar assimilar o máximo possível.

Acho que tenho sorte... Onde já se viu uma estagiária dizer que gosta do estágio?
Bem, não sei se estou trabalhando de forma correta (de coração, eu tento, mas sou muito atrapalhada), mas sei que, mesmo não sendo a melhor estagiária por aí, me esforço ao máximo...

É isso

PAZ
=]

quarta-feira, agosto 26, 2009

Gabriela? É você Gabriela?

Ligar errado é algo bastante comum para a minha pessoa. Nada mais
natural do que inverter os últimos digitos e terminar falando com
alguma avó, ou um açougue. Na verdade, já cheguei a bater papo com uma
ligação incorreta, o rapazinho foi até simpático, mas dessa vez foi
ele que tinha ligado errado para o meu celular mas, desfeito o engano,
ele foi bastante legal.

Era um lindo sábado a tarde e minha amiga foi passa-la comigo pois,
afinal de contas, era dia dos solteiros e nós, representantes da classe, não
queríamos passar a tarde de fossa sozinhas, então fomos passear na
praia as 16h da tarde. Devo comentar que estava fazendo MUITO frio, e
a praia estava extremamente deserta, sendo assim, fomos para uma
pastelaria próxima e ficamos conversando durante algum tempo,
até que um dos telefones dela tocou (sim, ela deve ter uns 3 bilhões
de celulares perdidos na bolsa). Se estou contando essa história é
apenas como uma mera observadora.

-- Alô? - Disse ela
-- Gabriela? - Respondeu uma voz masculina
-- Não, moço, o senhor ligou errado.
-- Gabriela? Deixe de brincadeira menina!
-- Não, aqui não é Gabriela, o senhor deve ter ligado errado
-- Ah! Deixa disso Gabriela! Eu sei que é você! Para de ficar brincando.
Nesse momento minha amiga já estava perdendo a calma e seu sotaque
(pois, normalmente, ele é bastante contido) voltou com força total.
-- ÔH MOÇO, AQUI NÃO É GABRIELA NÃO, VIU? O SENHOR LIGOU ERRADO, MEU NÚMERO
É O ****-**** (estou protegendo a integridade de Gabriela/minha
amiga). QUAL É O NÚMERO DELA? uhum... Sei... Olha só, o senhor está
trocando os dígitos do final... É... Então tá. Tchau!

Emburrada, ela guardou o celular. Claro que eu estava chorando de rir
enquanto ela "metia o pau" no cara. Nem 1 minuto se passou e o
telefone voltou a tocar.

--Oh moço, o senhor ligou errado novamente.
-- Ah Gabriela, você está brincando comigo? Poxa, para com isso.
-- AQUI NÃO É GABRIELA, LIGOU ERRADO DE NOVO.

Depois de mais uma rodada de explicações para o amigo da Gabriela, o
telefone foi desligado e voltei a ter meu ataque de risos. Na verdade,
ele não tinha parado ainda, apenas aumentou o nível sonoro, momento
esse que as pessoas ao redor começaram a nos encarar pois eu ria e ela
esbravejava.

Depois de tanto stress, essa minha amiga começou a relaxar e a dar
risada do ocorrido até que (música de suspense)... SIM, o celular
voltou a tocar.

Não sou do tipo que se estressa facilmente, mas tudo tem limite. Ligar
errado para uma pessoa, e ainda insistir que o nome dela não é o que a
mãe e o pai a batizaram (não é um nome comum, isso eu posso dizer) já
é demais, agora, fazer isso 3 VEZES, é fora da realidade!

Sim, pela terceira vez minha amiga atendeu o bendito celular e, para a
minha surpresa, respondeu tudo com uma calma assustadora. Explicou o
acontecido novamente e se despediu. O único sinal de que ela não
estava muito centrada era o sotaque que continuava muito acentuado. É
nesses momentos que eu percebo que nós, baianos, falamos oxente e
coisas do tipo.

Depois do ocorrido o cidadão não ligou mais, porém a dúvida ainda
pairava sobre nossas cabeças: será que ele conseguiu encontrar
Gabriela?

Bem, não sabemos e, na verdade, espero não saber tão cedo.

Hugs

sábado, agosto 15, 2009

Crise da meia/inteira idade

Como essa minha semana foi atípica (entenda como "sem computador" e doente), acabei tendo algum tempo livre, o qual eu utilizei para escrever e, qual a minha surpresa ao notar que não escrevi NADA ÚTIL!

Mas então, resolvi seguir por uma outra linha e está rendendo... Mas não escrevi o suficiente para colocar em um post, mas veremos em breve (assim espero).

Mas sim...

O que uma garota de 20 anos pode fazer em um fim de semana? Pois é, eu não sei. Acho que meus 20 aninhos só estão presentes na minha carteira de identidade, pois tanto mentalmente quanto... Alias, só mentalmente mesmo... eu devo ter uns 60 anos ou, dependendo do momento, 12 anos.

Estou envelhecendo, eu sei que sim. Mas ainda tenho (e gosto de ter) a considerável soma de 12 aninhos. Minha síndrome de Peter Pan vem se mantendo firme e forte. Não sei porque as pessoas insistem em achar que sou responsável, os 20 anos no RG não quer dizer nada! Não estou reclamando (deixando bem claro) e, tão pouco, sou irresponsável, na verdade, sou até uma NERD de respeito: estudiosa e interessada.

A explicação é simples:
* Assisto filmes da Disney com direito a olhos brilhando.
* Brinco de pega-pega com meu primo de 6 anos
* Brinco de luta com meus irmãos e primos
* Corro dentro do supermercado com (novamente) meu priminho (6 anos)

Não acredito que esse seja o típico comportamento de jovens adultos, mas tudo bem...

Porém, analisando bem as minhas características, acabei de perceber um equívoco. Os 12 anos não me representam. Definitivamente não tenho 20, pois não gosto das mesmas coisas que as pessoas da "minha faixa" gostam, mas também tem muitas outras coisas que eu gosto que nenhuma criança (normal) se interessa... Acredito ter uns... 60 anos!

Olha que coisa interessante:
* Não gosto de lugar fechado, entulpido de gente e com o som no último volume
* Prefiro ficar em casa lendo ou assistindo um filme
* Fico na porta do prédio de minha vó conversando com ela e com suas amiguinhas (na faixa dos 70 anos)
* Gosto de ameixa
* Filmes em P&B
* Minha banda favorita: Beatles!

Sei não, viu?

Mas sabe o que é legal? Eu não sei a minha idade, mas não é essa dúvida que me impede de fazer coisas que pessoas de outras idades fariam, sejam na soma dos 12, 20 ou 60. Não fico presa a coisas que são classificadas como "inerentes a minha faixa etária", faço o que gosto e ponto.

Hugs

terça-feira, agosto 04, 2009

Uma Estória minha

Hoje vou postar uma pequena ESTÓRIA minha. Sem fatos reais, nem personagens reais, nem baseado em nada real. Apenas um conto de uma pessoa que não tinha o que fazer.

Pronto, disse.

Na verdade, qualquer semelhança é, realmente, mera coincidência.
Hugs

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Eu estava em um restaurante com uma amiga, em pleno horário de almoço. Estava muito abatida os últimos dias por causa da minha estupidez constante. Nada demais, só o de sempre mesmo. Mas uma vez eu tinha perdido a chance de admitir meus sentimentos por conta da minha constante timidez.

Minha vida tinha se convertido em uma sequência digna do “Sexta-feira treze”. Até pouco tempo atrás, eu podia jurar de pé junto que estava apaixonada por um cara. Não qualqure cara, era o Túlio. Nos conhecemos 5 anos antes, através de um amigo em comum e acabamos nos tornando grandes amigos, só que eu não sentia apenas amizade por ele. Era muito mais do que isso. Não saberia explicar, pois nunca fui uma pessoa “apaixonável” (tá, inventei a palavra sim, não encontrei outra para colocar aqui), mas sentia algo diferente por ele. Ficava nervosa, gaguejava... Quase um pesadelo. Mas nada disso parecia fazer diferença, pois parecia que ele sequer notava que eu era uma garota!

Como eu disse, nos tornamos amigos logo de cara, tinhamos muitos gostos em comum e, mais ainda, gostos diferentes, o que nos fez tomar como questão de honra mostrar para o outro o que ele estava perdendo. Nossa amizade sempre seguiu por essa linha. Eu apaixonada e ele me tratando como se nada estivesse acontecendo.

Claro que nesses 5 anos cada um de nós teve suas aventuras e namoricos. Em uma certa fase minha, que eu havia decidido esquecer ele, conheci um cara que durou mais de dois meses comigo, o que é realmente um feito, pois eu meio que maltratava ele. Nada demais, só que ele era do tipo “balada” e eu sou do tipo “barzinho”, se é que me entendem. Como nada do que eu tinha era sério e nenhuma das garotas que Túlio se envolvia (sim, envolvia, pois apenas duravam umas 2 noites cada) parecia ter futuro, acabei me acomodando.

Mas nada no mundo parecia fazer sentido naquele momento.

Mais ou menos cinco meses antes, Túlio viajou com a equipe de filmagem dele (ele faz documentários, quer profissão mais sexy que essa?), o que é altamente normal para ele. Só que ele voltou com uma novidade: ele estava noivo.

N-O-I-V-O.

Pois é, todas as minhas esperanças resolveram fugir de vez. Em menos de um mês que ele ficou na Austrália, me volta com essa novidade e, o que é pior, querendo que me tornasse a nova-melhor-amiga da sua futura esposa. Se eu realmente fosse um ser humano, teria dado um belo de um tapa na cara da garota e gritado horrores. Mas como minha mente parece funcionar em uma frequência diferente da normal, acabei aceitando o pedido dele e acabamos virando amigas. A garota era realmente legal. Com o noivado, vieram outras informações adicionais como, por exemplo, o fato de que ele iria morar nas Austrália com a garota. Ou seja, além de perde-lo como meu objeto de desejo, ainda perderia meu amigo.

Mas o destino parece gostar de brincar comigo. Túlio havia se mudado para a Austrália a apenas 2 semanas quando ele disse que voltaria para o Brasil. Eu já não tinha notícias dele há pelo menos 1 mês, o que significa que eu estava tentando tirá-lo do meu sistema (experiência essa que se mostrou bastante inútil, diga-se de passagem). Fiquei sabendo através do nosso tal amigo em comum. Não sabia o motivo de sua vinda e também não sabia quando iria embora. A única certeza era a de que não o veria mais.

Mas aquela era uma segunda-feira em pleno verão. O sol estava escaldante (o que é totalmente aceitável para Salvador) e o calor insuportável, o que só me deixava mais abatida por não poder estar em qualquer outro lugar (que não fosse ali), mas aquele era um dos locais mais tranquilos para se ter uma refeição perto do escritório onde trabalho.

O dia estava correndo sem grandes acontecimentos. Pela manhã fiz algumas ligações, modifiquei alguns traços de um layout para um site que estou desenvolvendo (às vezes esse trabalho pode ser bastante cansativo). Mas, não sei porque, senti que algo estava diferente, uma pequena vibração no ar. Tá, eu não podia sentir essa tal “vibração no ar”, mas tinha algo REALMENTE diferente. Quando meu telefone tocou, quase tomei um susto. “Preciso mudar meu toque urgentemente”, foi a primeira coisa que me ocorreu. Na época estava tocando a música “Sick of life”, do Godsmack, o que é totalmente irrelevante com esse relato, mas ele não combina em nada comigo. Sou uma garota que passa despercebida na maior parte dos lugares. Sou alta com bochechas rosadas, com cabelos castanhos e ondulados. Apenas utilizo roupas “clássicas” em tons claros e sapatos sem salto. Só a partir dessa descrição dá pra notar que Godsmack não combina comigo, mas não importa, eu sempre fui um pouco controversa. Sou uma sucessão de paradoxos.

Mas isso não vem ao caso.

Quando olhei de quem era a ligação, meu coração parou por uns 5 segundos. Devo ter ficado com uma cara estranha, pois Maria já tinha se apressado em perguntar:

- Liu, tudo bem? Quem é no celular?

Eu encarei Maria ainda com a cara branca de nervosísmo.

- humm... É o Túlio.

- ATENDE LOGO ESSE TELEFONE, ENTÃO!!

Não era realmente necessário ela gritar, pois era óbvio que eu iria atender. Mas pelo menos aquela reação dela me fez acordar do turpor que a ligação me havia causado. Me rcompus o melhor que pude (o que, de fato, não quer dizer nada), mas fiz a mesma coisa que sempre fazia quando Túlio resolvia me ligar.

-Alô? – me fiz de desentendida assim que atendi o celular, não podia deixar transparecer que minha respiração estava irregular.

- Liu? Oi, é Túlio.

- Ah! Oi Túlio, tudo bem? – Enquanto falava, me levantei da mesa em que estiava almoçando com Maria e fui até um dos grandes janelões que estava aberto de onde eu poderia ver toda a rua e onde ninguém escultasse o que eu estava falando.

- Tudo sim... e com você? – No momento, eu não pude perceber a exitação na voz dele, só muito mais tarde eu me toquei do fato.

-Bem...

-Ah, que bom...

(silêncio)

-Então, Túlio – Eu não podia deixar aquele silêncio constrangedor entre nós, já era bastante assustador eu perceber que ainda estava apaixonada por ele, porém pior é o silêncio – O que tem de novo para me contar?

Como se acordado de um sonho profundo, ele começou a responder com uma voz que eu achei muito sexy.

-Advinha onde eu estou?

Apesar de todo o meu atrapalhamento inicial, eu já conseguia colocar meus pensamentos em ordem e, quando ele perguntou isso, todos os meu genes irônicos resolveram aflorar no momento.

- Hum... deixe-me pensar... Se está me perguntando isso, é porque deve estar em um lugar marvilhoso... Talvez, Espanha? Alias não... Já sei! Você está em Nova York com o pessoal da Vogue, fazendo o ensaio fotográgico da Gisele Bündchen, daí decidiram que eu vou poder ficar no staff, mas só pra viajar de graça e que eu não preciso dormir com ninguém para isso!

Na mesma hora o clima ficou tranquilo, ele começou a agir como sempre acontecia depois dos momentos (tensos) iniciais. Sempre quando começávamos a nos falar era assim, o início era sempre carregado de uma tensão, mas que depois (graças ao meu terrível humor ácido), se transformava na mais pura camaradagem. Eu não gostava, eu queria que ele tomasse uma iniciativa, pois eu era muito covarde para isso porém prefiria ter a sua amizade a nada.

-Bem, chegou bastante perto... tenta mais um pouco, sei que você consegue, gatinha.
Mesmo por telefone, ele me fez corar. Ele ainda estava com aquela voz sexy, mas era altamente normal ele me chamar por apelidos do tipo. Eu fui dizendo vários lugares, cada um mais improvável que o outro e ele seguia dizendo “vai gatinha, sei que consegue mais que isso”. Depois de passados uns bons 5 minutos, meus olhos encontrarm algo que eu não esperava no outro lado da rua do restaurante. Me limitei a prender a respiração por alguns instantes para depois soltar o ar de vez.

-Acho que sei onde você pode estar.

-É? –Disse ele me encarando, enquanto atravessava a rua – Então diga.

-Acho que você está ... louco. Por que está me ligando, se sabia onde eu estava?
Ele continuava a me encarar enquanto eu fechava o celular. Cruzei os braços em uma atitude brincalhona, fingindo mau humor. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Ele me olhava de uma maneira diferente. Já nos conheciamos a 5 anos ele sempre me olhou com carinho, mas dessa vez ele carregava outra coisa, suas pupilas estavam dilatadas e eu não consegui respirar. Meu coração parecia que teinha assumido a rotina contrária a de antes. Se antes ele tinha parado, agora acelerava, levando muito sangue para o meu rosto

-Oi – ele me falou, entrando no restaurante e me encarando a 15 cm de distância. Isso era interessante, pois até a essa distância, eu tinha que olhar para cima, para enchergar seus olhos.

- Ãm... oi? – Falei, mas sem firmeza alguma.

Descruzei os braços e então o inesperado aconteceu. Ele continuou me encarando e sorriu. Um sorriso que fez minhas pernas ficarem bambas. Então uma de suas mãos envolveu a minha cintura, enquanto ele levava a outra e tocava minha bochecha. Eu não sabia o que fazer, então, em um gesto automático, envolvi seu pescoço com meus braços e ele pareceu gostar do meu movimento, pois em uma batida de coração, me puxou em direção aos seus lábios e lá depositou o mais tenro e, ao mesmo tempo, forte dos beijos. Minha barriga parecia estar povoada por borboletas, que eu não conseguia fazer com que se acalmassem.

Sentia como se pudesse permanecer ali por toda a eternidade, até que nos afastamos. Eu mantive os olhos fechados, com medo de que fosse um sonho e que quando os abrisse, tudo voltaria ao que era.

-Liu? Poderia abrir os olhos? – Perguntou Túlio com a voz com um leve tom de humor – deixe-me ver seus lindo olhos.

-Não. – Respondi categoricamente. Mas então, comecei a abrir os olhos enquanto esboçava um sorriso. Lágrimas começaram a escorrer do meu rosto. Ele se agachou até ficar na altura dos meus olhos e, dessa vez, segurou meu rosto com as suas duas mãos.
-Por que chora? Não quero que chore mais – ele disse isso enquanto enchugava minhas lágrimas com seus dedões – Não quero te fazer chorar nunca mais e quero que me perdoe por ter te feito sofrer por tanto tempo.

- Você não me fez sofre... Não poderia...

Ele continuava a me encarar com seus lindos olhos castanhos.

-Sei que fiz, mas não foi de propósito. Sempre achei que você era indiferente a mim. Sempre foi tão carinhosa e cuidadosa com todos, que achei que nunca se interessaria pelo que sou. Por isso me arrependo profundamente, pois só depois que Hugo me contou que você gostava de mim, é que eu pude tomar uma iniciativa.

Então toda a realidade caiu sobre mim. Eu sempre tentei ser uma pessoa prestativa, mas nunca pensei que, por causa disso, corria o risco de perder o “grande amor da minha vida” (apesar desse ser um conceito que eu não sei se acredito muito). Sou muito covarde para tomar uma iniciativa e, nesse momento, só podia agradecer a Hugo por aquilo está acontecendo.

Entre lágrimas e sorrisos, consegui perguntar:

-O que foi que o Hugo te contou?

-Bem, não sei o quanto é tudo. Mas ele me contou que desde que nos conhecemos, vem falando de mim, de como sou carinhoso, atencioso... E isso já tem o que? 5 anos né? – confirmei com a cabeça – e você nunca me disse nada, sempre me tratou como se eu fosse mais um...

Nessa hora meus olhos se voltaram mais rebeldes e resolveram transbrodar. Tentei começar a me desculpar, mas Túlio me silenciou com outro beijo.

-Não pessa desculpas por ser uma pessoa carinhosa. Eu que fui estupido, deveria ter notado que era tímida.

Então ele me abraçou forte, enquanto eu passava a mão por dentro de seus braços e o abraçava de volta, escondendo meu rosto em seu peito.

-Liu?

-Hum – falei com a cabeça ainda encostada em seu peito, enquanto tentava guardar o seu cheiro (que era uma mistura de sabonete com algo que eu acredito ser apenas dele) dentro de minha cabeça.

-É que, bem... Eu terminei definitivamente com a Lydia e eu percebi uma coisa. Espero não estar sendo muito apressado.

Me mantive em silêncio, ainda não podia encará-lo. Então ele continuou.

- Eu nunca amei ela, era sempre a imagem de outra pessoa que vinha em minha mente. Bem, você... hum... você quer namorar comigo? Sabe, pra valer?

Comecei a rir, o som saiu abafado pela sua blusa, mas não pude deixar de me afastar e encarar seu rosto, enquanto voltava a passar os braços por seu pescoço.

-Sim, definitivamente sim.

sábado, agosto 01, 2009

Momento Alice Cultural

Acordei esse sábado sem saber muito bem o que esperar... Já tinha organizado na minha agenda tudo o que tinha para fazer no dia (o que, para quem não sabe, deve ser considerado um dos sinais do Apocalipse... algo no "pai" Google pode confirmar o fato que: Alice + Organização = não existe). A lista não era muito extensa, admito, mas tinha o básico do que eu deveria fazer.

O que constava nela (indo procurar minha super-ultra-mega-desoganizada-e-cheia-de-papel agenda):

* Dentista (Xan)
* Mídia DVD
* Papel Contact
* 3 folhas de papel carmim
* Crédito Salvador Card
* Crédito celular
* Clube do livro


Nem era um dia tão cheio e nem seria tão complicado se a maioria desses itens não envolvessem eu me deslocar até a Lapa (sim... Ô suplício!) com um detalhe básico: minha sapatilha (que eu nunca tinha usado - vacilo meu) faz calo! E não é só em um ponto exclusivo, onde eu poderia tentar salvar o pedaço da pele com Band-aid (isso é marca ou é o nome do troço?).

Claro que não.

Se tratando do meu ser, se fosse só um pedaço eu estaria feliz. Mas a sapatilha não ia me dar esse gosto. Nossa batalha foi dura e longa. De um lado, ela, apertando todos os meus pobres dedinhos já massacrados por todos os dias em que utilizo sapato fechado. Do outro, eu, com sono por ter acordado cedo e com raiva por não ter seguido o conselho de minha mãe ("coloque papel, menina! Isso vai fazer calo!"). Já deveria saber: conselho de mãe deve ser ouvido a risca, acho que tem algum tipo de complô no universo que diz que o que mãe fala é lei...

Continuando...

A sapatilha (ou será sapato-do-lá-ele?) conseguiu o feito histórico de machucar todo o meu pé! Não feliz por massacrar apenas o meu calcanhar, detonou meu dedinho, o lado do meu pé e a parte de baixo (desconheço os nomes científicos e/ou vulgares dos dois últimos). Tradução: calçar qualquer outra coisa agora é pedir para morrer de dor.

Fiz tudo o que tinha que fazer (que seria até a parte do crédito para celular da lista) e ainda deu tempo de umas comprinhas extra-lista (adeus dinheirinho, ou melhor, merrequinha!) e voltamos para casa, eu e meu irmão. No percurso, minha mãe me liga e avisa que Isis queria falar URGENTEMENTE comigo. Eu que não sou besta e já com a idéia do complô universal em mente, prontamente liguei para Isis, afim de descobrir o que havia acontecido, afinal, URGENTE é URGENTE.

Foi aí que percebi que até a ordem universal pode ficar dessincronizada (ou, como diria Caetano: "Alguma coisa está fora da ordem Fora da nova ordem mundial"). Não tinha nada de urgente na conversa. Isis ligou me chamando para ir a uma festa com ela, o namorado e uma amiga dela (que também é minha amiga, de certa forma, pois ela cativa todo mundo). Eu até considerei a hipótese de ir, porém aqueles sentimentos persistentes de insegurança, medo do desconhecido e fobia de conhecer novas pessoas, resolveram se apossar de mim (de novo, igual aos Teletubies) e eu, medrosa como sou, disse que não... Realmente espero que ela não fique chateada. Claro que não admiti para ela que o real motivo eram meus problemas psicológicos. Sai pelo método não muito ortodoxo, dizendo que tinha alguns problemas par resolver (o que não tem lógica, pois iria sair a noite), por sorte, ela já me conhece a bastante tempo para perceber que eu sou anormalmente anormal.

Urrando de fome e com o pé esfolado da dura batalha anterior, corri para o banho. Já eram 13:10 e tinha marcado para encontrar um pessoal as 15h no Shopping Barra (é isso mesmo, o último tópico do dia: O clube do livro, yupi!). Almocei e sai correndo para chegar no ponto a tempo, com medo de que tivessem uma má impressão de mim logo de cara se eu chegasse atrasada, pois as pessoas costumam me julgar logo quando me conhecem.

No limite de tempo permitido pelo decoro, cheguei no local marcado. Porém um detalhe importante: como é que eu iria reconhecer as garotas do clube? Eu sou terrível em lembrar fisionomia, principalmente se baseada em fotos de Orkut, que nunca parecem com a pessoa mesmo (fala sério! Até eu engano uns bestas pela minha foto!). Mas eu sou dotada com uma mente (quando quer) brilhante! Como alguém que não quer nada, fui me aproximando de duas meninas que estavam sentadas com caderninhos sobre a mesa... Apesar do meu trauma já citado, fui perguntando se estava no lugar certo... quando a garota com a florzinha no cabelo foi respondendo:

--É o clube do livro sim.

Um audível suspiro saiu do meu peito (Ufa!), sentei na mesa e começamos a conversar quando "a quarto" elemento apareceu, ela havia sido a idealizadora do clube e tudo mais.

Achei todas as 3 garotas super legais. Não apareceu mais ninguém da comunidade do orkut, mas tudo bem. O interessante é que as três já se conheciam a séculos e eu meio que me senti "um estranho no ninho" logo de cara, mas elas foram super simpáticas e eu acabei ficando um pouco mais comunicativa (tá, bem mais comunicativa... Basta eu ter oportunidade que solto o verbo). A tarde foi regada a café, a "aperto de botões" (uma "paradinha" super legal que tem nas mesas do café, onde você aperta e vem o garçon - a "tabaroa" aqui achou a idéia o máximo!) e a muito papo de livros.

É super legal encontrar garotas que gostam do mesmo tipo de literatura que você, sendo que a faixa etária é muito próxima (não 12 anos, como estou acostumada - sem comentários). Elas estão super a frente de mim no quesito variedade, e isso é o máximo! Pois significa mais dicas para mim sobre o que devo ou não ler (yupi).

De volta ao meu lar, tomei banho e sentei no computador, resolvi escrever logo antes que eu esquecesse algum fato interessante.

Como diria um sábio do século passado: E isso é tudo pessoal!

Hugs
paz

p.s.: não reparem os erros gravíssimos durante o texto, tudo tem uma explicação: a minha é o sono e a falta de um Word =/