segunda-feira, dezembro 21, 2009

Capítulo 3

Capítulo 1
Capítulo 2
continuando:

Capítulo 3.

-- MENTIRA! EU SOU A ZORRA DE UMA PSIQUICA! EU PREVI ISSO! E VOCÊ ME CHAMOU DE LOUCA! – gritava Júlia dentro do quarto de Lisa.
-- Shhhhhh... Fala baixo! O resto da minha família não precisa saber que você é insana! Apesar deles já desconfiarem.
-- Certo...Mas você está feliz, não é?
Ficando corada pela milésima vez no dia, respondi apenas com um sorriso e um aceno de cabeça. Júlia, então, atravessou o quarto e me abraçou
− Estou tão feliz. É sua chance de sair desse casulo. A partir de amanhã, faremos uma reforma no seu guarda-roupa. – disse sorrindo – amiga você tem que parar de se enxergar como o monstro que acha que é. Você é linda, inteligente, interessante... Dê mais valor a si mesma.
Sem saber o que responder, encarei meus próprios pés. Sou insegura, sempre soube. Não sou do tipo de pessoa que se deixa envolver facilmente, nem de permitir que os outros cheguem perto o suficiente. Porém eu estava tão feliz naquele momento, apesar de ter consciência de que era injustificada, que até me permitir a ter esperanças de que o garoto estava demonstrando qualquer tipo de interesse por mim. Percebendo a indecisão que se formava na minha cabeça, Júlia resolveu que não deixaria que aquela faísca de segurança se apagasse.
-- Deixa disso, Liz. Sei o que está passando em sua cabeça. Para de ser tão pra baixo. Eu sei que você está com medo, mas em algum momento vai ter que permitir que alguém ultrapasse essa sua barreira. E nada melhor que o gostoso do Flávio.
-- Tem razão, Jú. – disse a abraçando – A partir de agora, vou ser uma pessoa diferente... Pelo menos não deixarei que as pessoas percebam que estou com medo.
-- Ótimo. Aproveitando a oportunidade, já que está tão corajosa... Lembra do meu primo Rodrigo? Aquele que mora na Inglaterra?
Claro que lembrava. Havia sido o primeiro garoto que beijei. Ocorreu enquanto estávamos escondidos, brincando de esconde-esconde aos meus 12 anos de idade. Sempre marquei aquele como o meu primeiro amor, apesar do que aconteceu ao final da sua estadia pois, quando os meninos da rua suspeitaram de algo, ele simplesmente me humilhou na frente de todos, chamando-me de baleia.
-- É, lembro – soltei o abraço e virei meu rosto para longe de Júlia.
-- Liz, não fica assim. Já faz tanto tempo isso, aposto que ele nem se lembra mais.
-- Claro, pois ele não foi o humilhado.
--Poxa, amiga. Vou fazer de tudo para vocês nem se encontrarem, certo?
-- Não! Assim você vai ser obrigada a ficar com ele esse mês e depois vai ficar mais três meses longe! Ele que não chegue perto de mim! Vou dar um gelo tão forte nele, que ele vai pedir para voltar para a Inglaterra. Agora que decidi não me deixar levar pelas opiniões alheias, não vai ser ele a me colocar para baixo!

Logo cedo, na terça-feira, Júlia entrou como um furacão no meu quarto.
-- Acorda Bela Adormecida! Hoje você vai deixar de ser sapo para se tornar uma princesa!
-- Acho que está confundindo os contos de fada, sua louca-insana-despertador-de-pessoas-inocentes. – Disse, com o rosto enfiado no travesseiro.
-- Pois vai ser essa louca insana aqui que vai te deixar irresistível para aquele pedaço de mau caminho. Enquanto eu separo umas roupas para você tome esse café.
Só então senti o cheiro gostoso que vinha do meu criado-mudo, a caneca fumegante estava ali apenas me esperando.
-- Garota! Como é que nunca percebi que você só usa trapos??? Não tem UMA única roupa que preste aqui! Sua sorte é que trouxe umas peças coringas comigo. Se tivéssemos o mesmo corpo, seria tão mais fácil...
-- Se tivéssemos o mesmo corpo eu seria uma mion, sem problemas de espelho.
-- Ah, cale a boca e vista isso.
-- Posso tomar um banho primeiro?
-- Tá – respondeu já voltando a fuçar o guarda-roupa.

-- Viu só? Você está linda!
-- Estou ridícula.
Encarei o espelho. Não posso dizer que estava linda, mas a combinação de roupas que Júlia havia me arranjado era realmente legal, até me senti mais bonita. Ao invés das velhas calças cargo, estava de saia, com uns cintos coloridos meio jogados. Com uma blusa preta lisa justa, com alguns colares de prata e brincos. A maior façanha de todas foi ela conseguir arrumar meu cabelo com tão poucas coisas, ele estava penteado e a franja arrumada e, para completar o visual, uma fina camada de maquiagem no rosto.
-- Está muito óbvio, Júlia! Ele sempre me viu largada.
-- E daí? Dá um tempo, garota! Uma hora você vai ter que mudar!
-- Você está certa.
-- Claro que estou... E não se esqueça, te busco hoje na casa dele para irmos às compras.

Passei toda a manhã ansiosa. Mas em certos momentos até me senti bem. Uma garota me parou para dizer que tinha curtido os meus cintos. Depois das aulas, fui para a frente do prédio do meu instituto esperar por Flávio. A vontade que tinha era de roer todas as unhas da mão.
--UAU! Você está linda, garota! – disse ele se aproximando e me dando um abraço – Tem programa para depois, é?
-- É, mais ou menos... Vou sair com a Jú.
-- Sim, claro... Então vamos?

A casa de Flávio era enorme. Um enorme jardim na frente, uma piscina no fundo, dois andares, flores sobre a garagem... Tudo era um charme.
-- Vamos estudar na piscina? – perguntou ele – lá é mais confortável...
-- Por mim, tudo bem – respondi.
-- Só vou trocar de roupas, tudo bem? Você pode ir até lá, a mesa do almoço já deve ter sido posta.
Quando voltou, estava com uma blusa de algodão cru, sem estampas e uma bermuda jeans bastante surrada.
-- Pronta para o almoço?
-- Vamos lá!

A tarde foi cheia. Estudamos muito, a todo momento Flávio fazia algum movimento para que nossos braços ou pernas se tocassem. Sem saber como agir, apenas ficava vermelha e fingia que não era comigo.
-- Nossa... Isso foi intenso. – sorriu o garoto.
-- É, e a tendência é piorar, meu caro.
Caímos na risada.
-- Que horas sua amiga vai passar por aqui?
-- Umas 17h, alias, ela já deve estar por aí.
Cinco segundos depois, apareceu a empregada dele informando que uma garota chamada Júlia estava na portaria.
-- Bem, acho que já vou.
-- Tá, claro. Eu te levo até a portaria...
-- Não precisa, sério!
-- Nada disso, faço questão!
Fomos caminhando em silêncio, até que alcançamos o carro de Júlia.
-- Então é isso – disse Flávio me abraçando e beijando o meu rosto – até logo.

3 comentários:

  1. Liu, só uma palavra: continuação!

    Posta logo, plx, ou me manda.. Eu te disse que fico ansiosa...

    :D

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  2. Continua ótimo.
    O novo layout do blog está massa.

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  3. Olá.........mais um ótimo capítulo.....vou ler o 4 agora.....parabéns, o novo layout está mais leve e bonito....ABRAÇOS!

    Laerte Lopes
    www.laerte-lopes.blogspot.com

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