sexta-feira, dezembro 25, 2009

Capítulo 4.

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3.




Capítulo 4.

Na quinta-feira tivemos outra tarde de estudos, esses cheios de tensão, porém sem nenhuma ação. Não que estivesse esperando alguma coisa, afinal só era a segunda vez que passávamos a tarde juntos, mas tudo vira uma arma em uma cabeça como a minha. Pensando nisso, eu e Júlia resolvemos tirar a tarde de sábado descansando na piscina de minha casa e analisando o que eu estava fazendo de errado, já que, para Jú, era óbvio que Flávio estava caidinho por mim.
Júlia estava deitada em uma das espreguiçadeiras próximas a borda da piscina enquanto eu estava na água.
-- Jú – gritou minha mãe – Tem visita para você.
-- Para mim? Na sua casa – sussurrou.
Sacudi meu ombro e voltei a mergulhar. Estava muito quente em Salvador e ainda nem era verão.
-- Prima! – ouvi o grito ao voltar à superfície. Estava saindo da piscina quando percebi o garoto alto e loiro que passava pela porta dos fundos, vindo em nossa direção.
Júlia levantou de um pulo e olhou para a minha cara assustada, começou a negar com a cabeça e seus olhos passavam a mensagem de que ela não tinha nem idéia de que seu primo tinha chegado. O garoto veio e a carregou em um abraço apertado.
-- Prima! Quanta saudade! Você continua linda!
Enquanto os dois se abraçavam, puxei a toalha que estava sobre a cadeira e envolvi o meu corpo, quanto menos ele visse de mim, melhor. Andando o mais rápido que podia sem ser notada, fui em direção a casa com passos firmes.
-- Elizabeth? Lisa? É você? – virou-se rapidamente o garoto, colocando a prima no chão e vindo em minha direção. Minha respiração ficou falha e logo fiquei vermelha. A vontade que tive foi a de dar uma resposta mal educada, mas para mostrar que era superior, dei uma resposta simples.
− Pois é, continuo sendo eu.
-- Que bom, fico feliz em te rever também.
E, inesperadamente, me abraçou. Mantive os braços presos paralelos ao corpo.
-- Espero que tenha uma boa estadia. – disse, finalmente, virando em direção a casa e seguindo para o meu quarto.
Não deu para deixar de notar o quanto ele tinha mudado fisicamente desde seus 14 anos. Ele sempre foi alto e loiro, mas também era bastante magricela e desengonçado. Usava óculos e era muito pálido, por conta de morar em um país tão frio.
Seu pai era brasileiro, porém havia ido morar na fria Londres pelo trabalho. Lá conheceu a esposa, que também era brasileira e tiveram o Rodrigo. Não era sempre que eles tinham a oportunidade de voltar ao Brasil, mas seis anos antes conseguiram umas férias de um mês e decidiram que já era hora do filho deles conhecer a família. O garoto sabia fluentemente ambas as línguas, mas sempre acabava escorregando no português por falta de prática. Quando chegaram ao país, mais exclusivamente a Salvador, foi uma alegria para todos. O pai do garoto era irmão do pai de Júlia e ele foi se hospedar com eles em sua casa. Por causa da proximidade, o fato de terem um filho quase da idade dos seus e a grande amizade que Júlia e eu já tinhamos, Rodrigo acabou sendo incorporado ao grupo das crianças sem maiores problemas.
As férias estavam sendo ótimas, Rodrigo estava menos pálido em comparação com seus novos amigos e começamos a simpatizar um pelo outro. Sempre quando tinha alguma dificuldade em encontrar uma palavra em português ele recorria a mim. Eu também era a única menina que me envolvia em todas as brincadeiras, já que Júlia estava muito ocupada com suas bonecas.
Certo dia, enquanto brincavamos de esconde-esconde, Rodrigo me arrastou para um esconderijo que, segundo ele, era impossível de ser encontrado. Como eu já gostava dele na época, me deixei ser levada.
-- Aqui ninguém encontra a gente – disse o garoto, me colocando atrás de si.
-- Tudo bem, eu confio em você – respondi corando.
Sem pensar muito no que estava fazendo, ele virou-se e baixou a cabeça, roubando um beijo meu. Esse foi o meu primeiro beijo.
-- Eu gosto de você – sussurrei sem pensar
-- Também gosto de você - respondeu Rodrigo, enquanto sorriamos um para o outro. Ficaram assim durante algum tempo até que alguém nos encontrou.
Posso dizer que até então, aquela foi a melhor semana que eu já havia tido. Todos os dias saíamos escondidos e corríamos até o parquinho, lá ficávamos de mãos dadas em silêncio. Tudo ia bem até que, certo dia, enquanto estávamos sentados no balanço, um grupo de garotos que costumávamos brincar passou e nos viu tão perto um do outro. Sem mais nem menos eles começaram a fazer piadinhas.
-- Olha só! O Rodrigo está namorando com a bola rosa.
Ao ouvir isso, Rodrigo levantou de um pulo e me empurrou para o lado, o que causou minha queda, dizendo em seguida:
-- Me larga sua baleia! O que é agora, não consegue se levantar sozinha?
E se juntou com os outros meninos. A semana que estava perfeita se transformou em um pesadelo. Fiquei tão arrasada que sai para casa chorando e me tranquei no quarto. Durante toda a última semana da estadia do garoto, não sai mais de casa, independente de todos os pedidos que Júlia fez.

Mesmo depois de seis anos, ainda me sentia abalada na presença dele. Foi o primeiro e último garoto que admiti gostar. Em seu quarto, procurou por uma bermuda e uma blusa e fui para o banho.
-- Liz? – Entrou Júlia – Tudo bem?
Eu já estava deitada na cama, com o óculos no rosto e um livro no colo.
-- Estou sim, ele já foi?
-- Não sei, deixei ele conversando com o Lucas. Ele disse que veio aqui para te ver.
-- Está atrasado seis anos, sinto muito. – disse sem tirar a vista do livro.
-- Vamos lá, Lisa! Ele pelo menos está tentando se desculpar... Faz uma forcinha?
-- Não.
Antes que Júlia pudesse começar a argumentar, o meu celular começou a tocar.
-- É o Flávio – disse, com cara de espanto – O que será que ele quer? Será que esqueci algo no carro dele?
-- Você só vai saber se atender! – disse Júlia.
-- Alô?
-- Liz gatinha, tudo bem?
-- Tudo sim, e com você?
-- Melhor agora... E aí? Vai fazer o que agora à noite?
-- Oh meu Deus! – disse encarando Júlia e tampando o telefone com as mãos – ele está perguntando o que vou fazer agora à noite!
-- Responde logo, então!
-- Não tenho nada programado... Por quê?
-- Ah, é que eu gostaria de saber se não estava a fim de ir ao cinema, como pagamento pela semana de estudo.
-- Por mim, tudo bem.
-- Legal, te pego aí às 20h?
-- Tudo bem.
-- Beijos, até logo.
-- Até...
--OH MEU DEUS! Vamos logo te arrumar!

Depois de alguns minutos na frente do guarda-roupa, a roupa escolhida foi um vestido não muito curto preto de alcinhas que havíamos comprado juntas na terça-feira, com uma sandália rasteira de tirinhas que combinavam perfeitamente com o vestido, deixando a imagem leve e confortável. Júlia saiu correndo e foi em casa buscar um par de brincos e colar que, segundo ela, era o que faltava para tornar tudo harmônico. Fiz uma maquiagem e secamos o meu cabelo ruivo. O trabalho foi demorado porém, preciso admitir, eu estava linda. Peguei um casaquinho leve e arrumei a bolsa.
-- E aí? Como estou?
-- Linda. Ele vai babar.
-- Cruze os dedos por mim...
Descemos as escadas sorridentes. Já nem lembrava mais da minha chateação de cedo, nem reparei nas duas pessoas nos encaravam da sala.
-- Cabeça, vai para onde toda produzida assim? Pediu minha permissão?
Virei para responder, percebendo que ele não estava desacompanhado.
-- Você está linda, Liz. – falou Rodrigo, sem conseguir piscar.
-- Meu nome é Elizabeth e vou esperar Flávio lá fora – falei virando para Júlia.
-- Você não foi um pouco dura com ele, Liz? – disse enquanto saiamos.
-- Não quero falar sobre isso. Só quero saber de Flávio. Ponto.
Não se passaram nem 5 minutos quando um carro esporte estacionou na rua. A respiração de nós duas parou. De dentro do carro saiu Flávio, ainda com os cabelos molhados caindo sobre os olhos, com uma calça jeans preta e uma blusa pólo azul escuro. Já não respirava e nem piscava, só para não perder aquela imagem.
-- UAU – sussurrou Júlia em meu ouvido – Boa sorte!
Disse e saiu em direção a própria casa.
-- Boa noite Liz – se aproximou Flávio beijando-me no rosto – pronta para ir?
Decidida a não mais ficar escondida, respirou fundo.
− Sempre.

2 comentários:

  1. Lol..estou ansioso para saber o que vai acontecer.....não nos decepcione.....srrssrsr....Abraços!!!

    Laerte Lopes
    www.laerte-lopes.blogspot.com

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  2. Liuu tipo amei amei o comentário serio *-* é tãoo bom conhecer as leitoras anônimas que eu só sei que existem por causa do google analitcs. Fiquei feliz em saber que eu me expresso bem,pq vezes fico morrendo de medo de não conseguir expressar algo^^
    feliz ano novo =o*

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